ATA DA OCTOGÉSIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 30-9-2002.

 


Aos trinta dias do mês de setembro de dois mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi efetuada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Beto Moesch, Carlos Pestana, Ervino Besson, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, José Fortunati, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Paulo Brum, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Sofia Cavedon e Mauro Zacher. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Adeli Sell, Antonio Hohlfeldt, Carlos Alberto Garcia, Estilac Xavier, Isaac Ainhorn, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal e Sebastião Melo. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Septuagésima Sétima Sessão Ordinária e da Vigésima Oitava Sessão Solene que, juntamente com as Atas da Septuagésima Segunda, Septuagésima Quarta e Septuagésima Sexta Sessões Ordinárias, da Vigésima Sexta e Vigésima Sétima Sessões Solenes e das Atas Declaratórias da Septuagésima Terceira e Septuagésima Quinta Sessões Ordinárias, foram aprovadas. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Carlos Pestana, o Projeto de Lei do Legislativo nº 189/02 (Processo nº 2982/02); pelo Vereador João Carlos Nedel, 01 Pedido de Providências e o Projeto de Resolução nº 102/02 (Processo nº 2984/02); pelo Vereador José Fortunati, o Projeto de Lei do Legislativo nº 188/02 (Processo nº 2940/02). Também, foram apregoados os seguintes Ofícios, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre: de nº 621/02, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo nº 061/02 (Processo nº 2987/02); de nº 622/02, encaminhando o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 003/02 (Processo nº 2986/02); de nº 628/02, encaminhando Veto Parcial ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 001/02 (Processo nº 0692/02). Ainda, foram apregoados os seguintes Requerimentos, deferidos pelo Senhor Presidente: de autoria do Vereador Cassiá Carpes, solicitando a retirada de tramitação do Projeto de Lei do Legislativo nº 128/01 (Processo nº 2119/01); de autoria da Vereadora Maria Celeste, solicitando que o Projeto de Resolução nº 094/02 (Processo nº 2746/02) seja incluído na Ordem do Dia, nos termos do artigo 81 da Lei Orgânica Municipal. Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nºs 10536459, 10537077, 10549539, 10552405, 10555476, 10556139 e 10558375, do Senhor Sady Carnot Falcão Filho, Diretor-Executivo do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde; 044/02, do Vereador Pedro Américo Leal; 715/02, do Engenheiro Carlos Atílio Todeschini, Diretor-Geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos – DMAE; 1425/02, do Deputado Federal Roberto Argenta. Após, constatada a existência de quórum, foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Raul Carrion, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão, iniciando-se o GRANDE EXPEDIENTE, hoje destinado a homenagear o jornal Correio do Povo pelo transcurso de seu centésimo sétimo aniversário de fundação, nos termos do Requerimento nº 003/02 (Processo nº 0005/02), de autoria do Vereador Raul Carrion. Compuseram a Mesa: o Vereador José Fortunati, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor Carlos Alberto Bastos Ribeiro, Diretor Administrativo da Empresa Jornalística Caldas Júnior; o Vereador Paulo Brum, 2º Secretário deste Legislativo. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Raul Carrion lembrou ter o Correio do Povo registrado os principais fatos econômicos, sociais, políticos e culturais do Estado, do País e do Mundo, desde sua fundação, no ano de mil oitocentos e noventa e cinco. Também, referiu-se à interrupção na circulação desse jornal em mil novecentos e oitenta e seis e enalteceu os princípios seguidos por esse veículo de comunicação ao longo de sua história. O Vereador João Antonio Dib teceu considerações acerca do crescimento e modernização do Correio do Povo, destacando a sua respeitabilidade junto aos leitores gaúchos, bem como a sua boa imagem fora dos limites do Estado. Também, citou os nomes dos Senhores Alberto André, ex-Vereador desta Casa, e Guilherme Socias Villela, ex-Prefeito de Porto Alegre, lembrando terem Suas Senhorias integrado o quadro de profissionais desse jornal. A Vereadora Maria Celeste recuperou os principais marcos históricos da existência do Correio do Povo, relembrando nomes de fundadores e ex-diretores e citando as sete oportunidades em que esse jornal deixou de circular normalmente. Também enfatizou o pioneirismo desse veículo de comunicação na descentralização dos sistemas de impressão e circulação e destacou o caráter social das colunas voltadas à opinião do leitor e ao ensino. A Vereadora Maristela Maffei referiu-se à primeira edição do Correio do Povo, publicada em primeiro de outubro de mil oitocentos e noventa e cinco, ocasião em que foram traçadas suas diretrizes de trabalho. Também, analisou a influência exercida por esse jornal na formação da opinião pública gaúcha e enfatizou o posicionamento independente apresentado por esse jornal na abordagem de todos os fatos noticiados. O Vereador João Bosco Vaz reportou-se ao início de sua carreira profissional, em mil novecentos e setenta e oito, quando ingressou na sucursal do jornal Correio do Povo em Pelotas – RS. Nesse sentido, enfatizou ter sido a Empresa Jornalística Caldas Júnior responsável pelo êxito alcançado por Sua Excelência como profissional da área de comunicações, citando suas participações nos setores de jornal, rádio e televisão dessa organização. O Vereador Antonio Hohlfeldt, louvando a passagem do centésimo sétimo ano de existência do jornal Correio do Povo, historiou dados atinentes à época de fundação desse diário. Ainda, destacou o prestígio que o referido veículo granjeia desde o ano de mil oitocentos e noventa e cinco, sua relevância como jornal informativo e espaço de veiculação cultural, bem como sua característica de empresa vanguardista no campo tecnológico. O Vereador Reginaldo Pujol, congratulando o Vereador Raul Carrion pela iniciativa de propor esta homenagem e saudando a direção, funcionários e colaboradores do jornal Correio do Povo, discorreu sobre os méritos de atuação desse veículo de comunicação ao longo dos seus cento e sete anos de existência. Também, asseverou ser tradição inerente a essa empresa jornalística o tratamento democrático da informação. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou os aniversários, no dia de hoje, do Vereador Marcelo Danéris e, no dia de amanhã, do Vereador Reginaldo Pujol. Também, o Senhor Presidente registrou a presença de alunos e das professoras Daiane Pastoriza e Liliana Haas, do Centro Comunitário da Fundação de Assistência Social e Cidadania - FASC, Regional Glória - Cruzeiro - Cristal - Projeto Agente Jovem, informando que Suas Senhorias comparecem a este Legislativo para participarem do Projeto de Educação Política desenvolvido pelo Memorial da Casa junto a escolas e entidades de Porto Alegre e Região Metropolitana. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Sebastião Melo, discursando sobre a relevância da homenagem hoje prestada ao jornal Correio do Povo, destacou tratar-se, desde sua fundação, de veículo de informação modelar e inovador tanto nos aspectos formais como no de tratamento da informação. Ainda, cumprimentou os diretores, funcionários e apoiadores da Empresa Jornalística Caldas Júnior pela passagem do aniversário do jornal Correio do Povo. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Isaac Ainhorn, destacando o desempenho do jornal Correio do Povo na história do Estado do Rio Grande do Sul e do Brasil, afirmou que o mesmo é partícipe e fonte de referência histórica dos fatos que marcaram a Cidade, o Estado e o País. Também, enaltecendo a prática do jornalismo sério e responsável, saudou a direção, funcionários e demais colaboradores da empresa Jornalística Caldas Júnior. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Carlos Alberto Bastos Ribeiro, que agradeceu a homenagem hoje prestada por esta Casa ao centésimo sétimo aniversário do jornal Correio do Povo. Às quinze horas e quarenta e cinco minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e quarenta e oito minutos, constatada a existência de quórum. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Paulo Brum reportou-se à denúncia proferida por Sua Excelência em pronunciamento efetuado durante a Septuagésima Sétima Sessão Ordinária, relativa ao teor de carta dirigida pelo Deputado Estadual Jorge Gobbi aos associados da Federação Rio-Grandense de Entidades de Deficientes Físicos – FREDEF. Ainda, mencionou solicitação do Deputado Jorge Gobbi em que requer cópia do discurso de Sua Excelência e espaço para contestação. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Estilac Xavier manifestou-se sobre Audiência Pública realizada nesta Casa, no dia vinte e sete de setembro do corrente, para tratar da questão da abertura do comércio aos domingos e feriados no Município. Nesse sentido, analisou criticamente a postura adotada pelo Vereador Isaac Ainhorn durante o evento e defendeu a necessidade de mudanças na forma de pagamento do Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Raul Carrion reportou-se aos debates ocorridos durante a Audiência Pública pertinente à questão da abertura do comércio aos domingos e feriados na Capital, externando sua contrariedade no que diz respeito a ausência, na referida oportunidade, de entidades representativas de grandes empresas do setor comerciário. Também, teceu considerações acerca da importância da manutenção dos direitos dos trabalhadores da área comercial. O Vereador Carlos Alberto Garcia, mencionando a apresentação artística do grupo musical Red Hot Chili Peppers, que ocorrerá no dia quatorze de outubro do corrente em Porto Alegre, discorreu sobre a importância da Lei nº 8.203/98, que dispõe sobre a abertura de espetáculos musicais internacionais que se realizarão no Município, notadamente no que se refere à participação de músicos gaúchos nessas ocasiões. Ainda, informou que a referida Lei é precursora na regulamentação de matéria dessa natureza no Estado do Rio Grande do Sul. O Vereador Luiz Braz pronunciou-se sobre o processo de abertura do comércio aos domingos e feriados na Cidade, contrapondo-se à postura adotada por segmento de empresários desse setor, relativamente à compensação salarial dos comerciários. Também, criticou a atuação do Executivo Municipal, no que tange à instalação de empresas de grande porte no Município, em detrimento de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento de pequenos e médios estabelecimentos comerciais. EM COMUNICAÇÕES, o Vereador Sebastião Melo aludiu à matéria publicada no jornal Folha de São Paulo no último sábado, que versa sobre a suspensão, pela 3ª Vara da Fazenda Pública, de licitação promovida pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre para a contratação do serviço de transporte e destinação do lixo da Cidade. Em relação ao assunto, discursou sobre denúncias de irregularidades administrativas envolvendo o Senhor Darci Campani, Diretor do Departamento Municipal de Limpeza Urbana - DMLU. O Vereador Isaac Ainhorn criticou a organização da Audiência Pública realizada nesta Casa, no dia vinte e sete de outubro do corrente, justificando que esse evento não ouviu todas as partes interessadas no assunto. Também, elogiou o Projeto de Lei do Legislativo nº 018/01, de autoria do Vereador José Fortunati, que institui a participação popular na discussão e decisão sobre a abertura do comércio aos domingos no Município de Porto Alegre. O Vereador João Antonio Dib questionou a política desenvolvida pelo Partido dos Trabalhadores na administração do Departamento Municipal de Limpeza Urbana - DMLU, afirmando que não estão sendo respeitados dispositivos contidos no Código Municipal de Limpeza Urbana, relativamente ao recolhimento de lixo na Cidade. Nesse sentido, relatou situações em que veículos de tração animal trafegam de maneira irregular e procedem ao transporte de lixo, em desconformidade com a Lei. O Vereador Ervino Besson, tecendo considerações acerca da importância da fé na vida das pessoas, reportou-se à carreata ocorrida ontem em homenagem à Nossa Senhora de Fátima, que percorreu o trajeto do Aeroporto Internacional Salgado Filho até o Instituto de Educação São Francisco, no Bairro Rubem Berta. Ainda, saudou o transcurso, hoje, do Dia da Secretária, cumprimentando as funcionárias da Casa que exercem funções correspondentes. O Vereador Mauro Zacher discutiu assuntos relacionados à juventude brasileira, especialmente no que se refere à participação política dos jovens na vida nacional, ressaltando a necessidade de se fazerem projetos e investimentos que priorizem essa parcela da população. Também, propugnou por debates mais aprofundados neste Legislativo, acerca da inserção, através de bolsas de estudo, de alunos carentes nas universidades particulares. O Vereador Estilac Xavier, em resposta ao pronunciamento do Vereador Isaac Ainhorn, enfocou a realização da Audiência Pública sobre a abertura do comércio aos domingos, alegando que esse ato esteve de acordo com o que determina a legislação vigente. Ainda, segundo Sua Excelência, os pequenos estabelecimentos comerciais estão sendo prejudicados pelas medidas que determinaram a abertura do comércio aos domingos em Porto Alegre. Às dezessete horas e um minuto, constatada a inexistência de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores José Fortunati, Carlos Alberto Garcia, Paulo Brum e João Antonio Dib, este nos termos do artigo 27, parágrafo único, do Regimento, e secretariados pelo Vereador Paulo Brum. Do que eu, Paulo Brum, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Raul Carrion está com a palavra.

 

O SR. RAUL CARRION (Requerimento): Ex.mo Sr. Presidente, eu gostaria de requerer que fosse alterada a ordem dos trabalhos, iniciando-se a Sessão pelo Grande Expediente, tendo em vista ele estar hoje destinado a homenagear a passagem dos 107 anos de aniversário da fundação do jornal Correio do Povo.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Em votação o Requerimento do Ver. Raul Carrion. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

Neste momento, damos início à homenagem, pelos 107 anos de fundação, ao jornal Correio do Povo. Convidamos para integrar a Mesa o Sr. Carlos Alberto Bastos Ribeiro, Diretor Administrativo da Empresa Jornalística Caldas Júnior. O Ver. Raul Carrion, proponente desta homenagem, está com a palavra.

 

O SR. RAUL CARRION: Ver. José Fortunati, Ex.mo Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Dr. Carlos Bastos Ribeiro, Diretor da Empresa Jornalística Caldas Júnior; demais Vereadores e Vereadoras; funcionários; amigos; funcionários do jornal Correio do Povo; amigos presentes e todos os que nos escutam, no dia de amanhã, 1.º de outubro, estaremos comemorando os cento e sete anos do jornal Correio do Povo, o mais antigo diário gaúcho ainda existente. Esta homenagem singela que a Casa do Povo realiza no dia de hoje foi aprovada por unanimidade nesta Casa, tendo eu tido a honra de ser o seu proponente.

No dia 1.º de outubro de 1895, apenas um mês e oito dias após o acordo de paz que pôs fim à sangrenta Revolução de 1893, o jornal Correio do Povo inicia as suas atividades no contexto de um Rio Grande do Sul extremamente dividido: de um lado havia os pica-paus, liderados por Júlio de Castilhos; de outro, os maragatos, chefiados por Gaspar Silveira Martins. Apesar disso, Francisco Antônio Vieira Caldas Júnior teve a ousadia de criar um jornal desvinculado de ambas as facções partidárias e dedicado a uma informação jornalística isenta e pluralista, algo totalmente inovador e ao mesmo tempo temerário. O Jornal começou com quatro páginas de seis colunas impressas numa máquina Alauzet, com uma tiragem de mil e duzentos a mil e quinhentos exemplares por hora. Sua primeira edição esgotou-se em questão de horas, devido ao seu caráter inovador, em consonância com o que afirmava em seu primeiro editorial: “Emancipado de convencionalismos retrógrados e de paixões inferiores, procurará esclarecer imparcialmente a opinião pública, apreciando, com isenção de espírito, os sucessos que se forem desenrolando, e os atos dos governantes, para censurá-los quando reprováveis, para aplaudi-los quando meritórios.”

Ao mesmo tempo em que granjeava a simpatia da opinião pública, o Correio do Povo também enfrentava os ataques quase diários do jornal A Federação, propriedade do Partido dominante e órgão do Governo Estadual, cuja meta era “esmagar os Caldas”. Mas isso só promovia o Correio do Povo e chamava ainda mais a atenção para ele. Suas páginas, desde então, registraram os principais acontecimentos econômicos, sociais, políticos e culturais do Estado, do País e do mundo, desde 1.º de outubro de 1895.

O Correio do Povo madrugou também no noticiário esportivo, difundiu as grandes descobertas e inventos do final do século XIX e do início do século XX. EM 1910, cada vez mais pujante, adquiriu dois sobrados na Rua 7 de Setembro e outros dois na Rua dos Andradas, onde instalou uma moderna rotativa Marinoni com capacidade para doze mil exemplares/hora, e quatro linotipos, aumentando até dezesseis páginas nos dias de semana e até vinte e quatro páginas aos domingos.

O falecimento precoce do seu fundador, em 1913, fez com que a continuidade do Correio do Povo passasse para a responsabilidade de sua viúva, Dolores Alcaraz Caldas, auxiliada por seu irmão Joaquim Alcaraz, que mantiveram o crescimento do Jornal, sempre fiel aos ideais de Caldas Junior.

Pelas páginas do Correio do Povo, os gaúchos acompanharam os grandes acontecimentos, como as I e II Segunda Guerras Mundiais, a Revolução de 30, a redemocratização de 1945, a Legalidade de 1961, o Golpe Militar de 1964, a luta pelas eleições diretas em 1984, o impeachment de Collor e tantos outros momentos da história nacional e mundial. Por sua isenção, que não se confunde com falta de opinião ou falta de linha editorial, mas sim com respeito à pluralidade de idéias e de posições, o jornal Correio do Povo amargou muitas pressões e perseguições. Assim foi durante o Governo do General Flores da Cunha, assim foi durante o Regime Militar, quando inclusive foram apreendidas edições do Correio do Povo.

Expressando essa visão liberal, certa feita, Breno Caldas, que assumiu a direção do Correio do Povo em 1935, respondeu, com ironia, a um conservador que, assustado, lhe perguntou se ele não sabia que, entre os redatores do seu diário, existiam vários comunistas. Disse ele: “O importante é a gente não deixar que cheguem a mais de 30%.” Por suas redações e páginas, passaram gerações de jornalistas, escritores e intelectuais gaúchos, entre os quais citamos Archymedes Fortini, Alcides Maya, Roque Calage, Érico Veríssimo, Mário Quintana, Alberto André, Liberato Salzano Vieira da Cunha, Floriano Corrêa, Valter Galvani, Antonio Gonzalez, Dionélio Machado, Sérgio da Costa Franco, Antonio Carlos Ribeiro, Paulo Fontoura Gastal, João Borges de Souza, recentemente homenageado por esta Casa, e tantos outros, hoje, seguidos por expoentes como Telmo Flor, Armando Burd, Denise Nunes, Luis Schuck, Iltor Mombach e muitos mais.

Entre 17 de junho de 1984 e 1.º de junho 1986, em virtude de dificuldades econômico-financeiras, às vésperas de seus oitenta e nove anos, o Correio do Povo deixou de circular.

Em 1986, o empresário Renato Bastos Ribeiro adquiriu o patrimônio da empresa, assumiu a direção do Correio do Povo e o recolocou em circulação. No editorial do primeiro número da nova fase do Correio do Povo, o mesmo compromisso: a isenção, a informação objetiva, a pluralidade de opiniões, o compromisso com os interesses da comunidade e com a democracia. Sob a firme administração de Carlos Ribeiro, o Correio do Povo reergueu-se rapidamente, conciliando a sua visão e capacidade empresarial com o jornalismo objetivo e sério, em que o interesse econômico subordina-se ao interesse comunitário e à preservação da credibilidade do Jornal. Em formato tablóide, mais moderno e mais compacto, o Correio do Povo rapidamente recuperou os seus leitores e ampliou o seu alcance, tornando-se o diário com maior circulação do nosso Estado. Sua nova marca: a informação de forma sintética e compacta, indo à essência dos acontecimentos.

Hoje, impresso simultaneamente em Porto Alegre, Carazinho e São Sepé, é o primeiro da América Latina com transmissão via satélite, alcançando uma tiragem de até duzentos mil jornais/hora. Nestes tempos difíceis de avalanche neoliberal, quando o que é da nossa terra, o que é nacional é desmerecido, quero testemunhar que o Correio do Povo é um dos órgãos, neste Estado, que mantém uma visão e uma linha editorial que defende os interesses da Nação Brasileira, os interesses da cidadania e faz o combate a uma globalização neoliberal, que se nos apresenta como a única alternativa no mundo de hoje.

Concluo, desejando ao Sr. Carlos Ribeiro uma longa vida a este jornal que inúmeras gerações aprenderam a acompanhar com carinho e que já viveu os períodos do século XIX, do século XX e adentra agora o século XXI, o terceiro milênio, com vigor sempre maior, apesar de sua idade, de sua experiência e da longa trajetória já percorrida. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra, por cessão de tempo do Ver. Raul Carrion, em Grande Expediente.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Sr. Carlos Bastos Ribeiro, Diretor Administrativo do jornal Correio do Povo, representando neste ato esse magnífico Jornal. É diferente a contagem de tempo da vida humana e da vida das entidades. O meu professor de Filosofia Aldo Obino, de longa passagem pelo jornal Correio do Povo, ensinou uma definição que me ficou gravada: “A vida é o ato pelo qual o homem nasce, cresce, reproduz-se e morre.” No caso das entidades, a vida sempre cresce, e quando nós conseguimos ver entidades como o jornal Correio do Povo se apressando para entrar no seu 108.° aniversário, a minha Bancada - o Ver. Beto Moesch, o Ver. João Carlos Nedel e o Ver. Pedro Américo Leal – vem a esta tribuna para dizer que nós estamos solidários com esta magnífica obra que o Rio Grande tem, que é o jornal Correio do Povo.

Como foi dito, ele é impresso, simultaneamente, através de transmissão digital via satélite, em três Municípios do Rio Grande do Sul, e nas primeiras horas da manhã o Rio Grande todo lê o jornal Correio do Povo com muita satisfação.

Nós temos razões sobradas para nos orgulharmos desse Jornal extraordinário, que mantém os princípios que o nortearam desde o seu primeiro editorial, fazendo da imprensa a pesquisa da verdade, fazendo da imprensa uma maneira de servir à coletividade. Isso para nós é confortador, é tranqüilizador, sabendo que nós teremos sempre guarida para levar a informação segura, para orientar o porto-alegrense, como todos os gaúchos, e também para levar essas informações às pessoas fora do Rio Grande do Sul, pois lá também o Jornal é bastante respeitado.

Ao longo desses cento e sete anos, apenas sete diretores comandaram o jornal Correio do Povo; efetivamente três: o seu fundador, Francisco Antonio Vieira Caldas Júnior, que comandou o Correio do Povo por dezessete anos; o Dr. Breno Caldas, que comandou a Cia. Jornalística Caldas Júnior por cinqüenta e um anos. São duas figuras legendárias na história da imprensa gaúcha e brasileira, e agora o nosso Diretor, Renato Bastos Ribeiro, lá está também há dezessete anos e esperamos que ele continue, por muito tempo, dando o melhor de si para que o Correio do Povo continue sendo o jornal por que os gaúchos têm preferência e consideram como parte da sua cultura, como parte do seu dia-a-dia, porque estamos acostumados a ouvir que muita gente aprendeu a ler no Correio do Povo. Então, queremos que ele continue sendo o mesmo Correio do Povo com o qual estamos acostumados a vivenciar diariamente.

Na Casa do Povo de Porto Alegre, no Município de Porto Alegre, mais precisamente, nós poderíamos dizer das coisas boas que o Correio do Povo trouxe para a política. Não vou falar da política nacional e nem da estadual e também não vou tentar citar todos aqueles nomes que marcaram fortemente a sua presença na vida do Município em especial.

Vou falar apenas em dois nomes. Já citei o Prof. Aldo Obino aqui de passagem, mas duas pessoas marcantes na vida pública, política, desta Cidade, e que tiveram o início das suas atividades com a formação dada pelo Correio do Povo. Estou falando, em primeiro lugar, daquele que foi Vereador desta Casa Alberto André, que foi um exemplo de Vereador e que depois, deixando a Casa do Povo de Porto Alegre, foi Ministro do Tribunal de Contas do Município, e, realmente, dedicou toda a sua vida à imprensa e o Correio do Povo fazia parte da sua vida e a Associação Rio-Grandense de Imprensa também.

Falo, em segundo lugar, do grande Prefeito desta Cidade Guilherme Socias Villela, que iniciou seus estudos com o apoio do Correio do Povo, porque lá, juntamente com outros dois economistas, um deles é Ministro da Agricultura, neste momento, faziam a análise dos fatos econômicos que interessavam ao Brasil e ao Rio Grande.

Portanto, o Correio do Povo é essencial para a vida de todos nós. O Município tem precisado constantemente e ele tem respondido com clareza, com eficiência, como responde para todo o Estado, mas, como eu disse, ele vai além das nossas fronteiras estaduais, ele é conhecido fora do Brasil também, como grande jornal que é.

A minha Bancada, neste momento, querido Diretor Administrativo do Correio do Povo, quer dizer que nós queremos que esta Entidade, que é uma entidade do Rio Grande, de Porto Alegre, cresça e continue com o mesmo entusiasmo que vem sendo trazido até agora, e nós, olhando aqueles que administram o Correio do Povo, temos certeza de que isso irá acontecer.

Mas é claro que não podemos encerrar as nossas palavras sem mandar um abraço a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, possibilitam que diariamente nós tenhamos em nossas casas o magnífico Correio do Povo. Sucesso, saúde e paz! (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Dr. Carlos Bastos Ribeiro, por questões que envolvem a Presidência desta Casa, terei que me ausentar. Mas não poderia deixar - antes de passar a palavra aos demais oradores -, enquanto Presidente desta Casa, de dizer da minha enorme satisfação por participar, de uma forma muito ativa, deste Grande Expediente, desta homenagem proposta pelo nobre Ver. Raul Carrion.

Indiscutivelmente, o jornal Correio do Povo é um marco do jornalismo gaúcho e brasileiro. E eu, que, ao longo do tempo, nos últimos trinta e poucos anos, tenho dedicado a minha vida pública ao povo gaúcho, sei exatamente a importância do jornal Correio do Povo para o nosso Estado. Em Brasília, durante seis anos, a leitura do jornal Correio do Povo se tornou mais obrigatória ainda do que quando eu aqui estava. Mais obrigatória é uma força de expressão, naturalmente, reforçada, porque, em Brasília, nós precisávamos, enquanto mandatários do povo gaúcho, lá defendendo os interesses maiores do nosso Estado, de uma leitura dinâmica, de uma leitura ágil e bem informada sobre tudo o que aqui vinha acontecendo. E eu, felizmente, ao longo desses seis anos, enquanto Deputado Federal, pude, através das páginas do jornal Correio do Povo, estar permanentemente bem informado para traduzir com razoabilidade o meu mandato em Brasília.

A cobertura que o jornal Correio do Povo faz em alguns setores é absolutamente indispensável para a nossa leitura. Na área política, o jornal Correio do Povo tem-se notabilizado; na economia e na agropecuária. Aliás, faço aqui uma ressalva, porque esse setor é a base da economia gaúcha e não merece, infelizmente, por parte de todos os órgãos da imprensa, uma atenção devida. O jornal Correio do Povo, percebendo que seria impossível deixar de lado essa atividade tão importante da economia gaúcha, dá a ela uma atenção toda especial. E, conseqüentemente, bem informa ao povo do Rio Grande sobre o que lá acontece.

Quero dar os meus cumprimentos efusivos à direção do jornal Correio do Povo, aos funcionários, aos parceiros e colaboradores e a todos os leitores que, como eu, têm o prazer de, cedo da manhã, ter acesso a esse importante jornal. Vida longa ao jornal Correio do Povo! Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra, em Grande Expediente.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente dos trabalhos, Ver. Paulo Brum, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Nascia há cento e sete anos o nosso jornal Correio do Povo. Um veículo de comunicação politicamente independente e criado por seus idealizadores, para prestar um bom serviço a sua comunidade. E sempre buscando, como objetivo maior, a informação com qualidade e credibilidade. Foi exatamente no dia 1.º de outubro de 1895 que seus três fundadores: Francisco Antonio Vieira Caldas Júnior, Mário Totta e José Paulino Azurenha colocaram para circular a primeira edição do jornal. Durante todos esses anos o jornal teve como seus diretores: Francisco Antonio Vieira Caldas Júnior, Emílio Kemp, Francisco Leonardo Truda, Fernando Caldas, Fábio de Barros, José Alexandre Alcaraz, André Carrazoni, Breno Caldas e Renato Ribeiro.

Em todo esse período de cento e sete anos, o jornal Correio do Povo só deixou de circular em sete oportunidades. A primeira, em 16 de agosto de 1903, para que a terceira máquina de impressão do seu parque gráfico começasse a funcionar. A segunda vez, foi nos dias 3, 4 e 5 de dezembro de 1908, também para a adaptação da quarta máquina de impressão do seu parque. Já na terceira oportunidade, em 29 de setembro de 1933, o jornal foi proibido de circular por decreto do então interventor federal Gen. José Antonio Flores da Cunha. A quarta vez foi nos dias 6 a 11 de maio de 1941, quando o prédio do jornal foi atingido pela enchente de 1941, o que ocasionou a inundação nos setores de impressão, depósito de papel e distribuição do jornal. Posteriormente, a quinta vez que o jornal não circulou foi em 20 de setembro de 1972. Os exemplares de então foram apreendidos pelo Departamento de Polícia Federal por ordem do Ministério da Justiça. A sexta parada foi devido aos problemas econômicos, e o jornal deixou de circular no período de 16 de junho de 1984 até o ano de 1986. Para alegria de todos os seus eleitores, o jornal voltou a circular nos dias 1.º de junho, 15 de junho e 16 de julho de 1986 com numeração especial, apenas para que o jornal pudesse assegurar o seu título e também começasse a repensar o seu futuro.

Nesses brilhantes cento e sete anos de muita tradição e informação do jornal Correio do Povo houve oito mudanças no seu formato.

O jornal Correio do Povo hoje é o jornal de maior circulação e tiragem do Estado do Rio Grande do Sul, cada vez crescendo mais.

O Correio foi o jornal pioneiro na implantação de um sistema de impressão e distribuição totalmente descentralizado.

As páginas são produzidas na sede, em Porto Alegre, e enviadas via satélite aos três parques gráficos: Porto Alegre, São Sepé e Carazinho, como já foi referido anteriormente.

Com esse rápido histórico, quero enfatizar que o espírito inicial da criação do jornal vem-se mantendo ao longo desses anos. Ressalto, então, a pluralidade de opiniões, resistindo ao monopólio do setor jornalístico no Estado.

Entre as suas colunas, quero destacar, especialmente, a diversidade da coluna Opinião e do Espaço Ensino, tornando-se fonte de matéria pedagógica, utilizada por muitos professores, educadores, educadores populares, nas mais diversas instituições, não só nas escolas de ensino formal, mas também nas organizações não-governamentais, que trabalham no atendimento a crianças, a idosos, alfabetização de adultos que se utilizam do jornal Correio do Povo para esse trabalho.

É também o único jornal que, cotidianamente, divulga as questões referentes às ações do Estado e do Município. Eu cito como exemplo o chamamento para as assembléias do Orçamento Participativo em todo o nosso Estado; o resultado, há algumas semanas, do Programa do Primeiro Emprego, em número quantificado, o que significou esse Programa para o Estado; e na página Geral do jornal Correio do Povo de hoje a matéria sobre o Município, que fala: “Guaíba terá água balneável em Belém Novo.” Um programa do Município.

Então, essas questões importantes do nosso cotidiano e do nosso Governo são tratadas com muito respeito, com muita dignidade pelo Editorial do Jornal.

Por fim, destaco ainda um trabalho do Centro de Pesquisa do jornal Correio do Povo, CPCP, dirigido e coordenado por uma socióloga, que, em 1998, apontou, detectou, mostrou o crescimento do então candidato Olívio Dutra, naquela eleição, quando todos os demais institutos de pesquisas insistiam na vitória certa do então Governador da época.

Lembro também de episódio igual, há quinze dias, que, por motivos da Lei Eleitoral, não posso citar aqui, todos nós sabemos, mas foi o Centro de Pesquisas o primeiro instituto que mostrou e apontou a realidade dos fatos aqui em Porto Alegre. Um instituto que realiza seu trabalho de forma séria, com pesquisa em setenta Municípios, com sorteio aleatório das cidades, na busca dos dados reais.

Por todos esses fatos e muitos outros, a que certamente os demais oradores aqui irão fazer suas homenagens, quero parabenizar toda a equipe do jornal Correio do Povo, a direção, os funcionários, e dizer que muitos gaúchos e gaúchas, com certeza, têm, no seu cotidiano, o prazer da leitura desse jornal. Por todos os seus cento e sete anos de ótimos serviços prestados à comunidade rio-grandense, parabéns, e parabéns pela credibilidade conquistada, com esforço e luta, nesses anos todos. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Maristela Maffei está com a palavra em Grande Expediente.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Ver. Paulo Brum; Dr. Carlos Bastos Ribeiro, Diretor da Empresa Jornalística Caldas Júnior; Sr. Ver. Raul Carrion, proponente desta homenagem, Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores, nada melhor do que a crônica de Walter Galvani, para falar um pouco, onde diz “Uma História que Vem do Século XIX”, e “Dos Poetas do Sul ao Caderno H, Mário Quintana, símbolo do amor à cultura”, e ele diz: “Está no primeiro número, dia 1.º de outubro de 1895. O Correio deixa bem claro que será, além de um órgão comercial, também literário.” E na última página, um folhetim ao gosto da época, mas dedicado aos “Farrapos”, de autoria de Oliveira Bello. Em sua primeira página, os “Rabiscos” de Tenório, pseudônimo que ocultava o fundador Francisco Antonio Vieira Caldas Júnior, e lá pelo meio, o noticiário das novidades recebidas pela Livraria Americana. Como logo perceberam os assinantes de número a número, as novidades culturais da Cidade, do País e do mundo povoavam as suas páginas, e os grandes nomes da época como Emile Zola ou Machado de Assis se faziam tão presentes como os literatos do Estado. Mas os poetas do sul tiveram a sua grande chance de aparecer, a partir de 1899, quando o jornal resolveu comemorar a sua entrada no Ano V, instituindo uma seção exatamente com este nome, anunciando que, a partir dali, seria formada a “Galeria do Jornal Correio do Povo”, onde desfilariam os nossos intelectuais, começando pela ordem alfabética como Alfredo Lisboa, jovem poeta, formado em Direito pela Faculdade de São Paulo; seria o primeiro, e logo seguiam-se os grandes nomes daquele fim de século: Andrade de Neves Neto, Aquiles Porto Alegre, aqui já referido, Augusto Sá, Apolinário Porto Alegre, Damasceno Vieira, Dogelo Caldas, Mário Totta, Múcio Teixeira, Vilallobos Júnior, Zeferino Brasil e lá pelo meio, o próprio Caldas Junior.

E assim foi ao longo desses cem anos, sempre sendo encarregado de editar as páginas literárias, primeiro com a seção “Poetas do Sul”, depois classificadas como “Literatura” ou mais tarde “Páginas Literárias” simplesmente, desemborcando no “Caderno de Sábado”, o jornal Correio do Povo era o verdadeiro “campus” cultural rio-grandense. Diz Valter Galvani: “ Dava gosto chegar à redação do ‘Róseo’ em qualquer momento desse gigantesco passar de olhar em torno.” A cada mesa havia um luminar, um profundo conhecedor do seu setor ou um monumento das artes e da literatura.

Mas eu também queria fazer um depoimento pessoal, o jornal Correio do Povo para nós tem um ponto de equilíbrio fundamental na política deste Estado. Nós vivemos em uma época onde o monopólio da cultura..., porque são, sim, os meios de comunicação, seja qual for a sua forma, e o jornal com certeza assim é um dos maiores formadores de opinião, assim como a televisão, o computador, a mídia eletrônica em geral; ele é um dos maiores formadores de opinião, e o fato que está aqui estabelecido não é o fato de ter uma matéria se referindo a um determinado setor da sociedade. Todos os jornais falam, mas as responsabilidades pedagógica, sociológica, política, cultural e econômica se dão exatamente nesse equilíbrio.

E quando, aqui, a Ver.ª Maria Celeste falava, em nenhum momento, eu tenho certeza de que ela não quis dizer que vocês, enquanto instituição, entidade, fazem qualquer proteção ao Partido dos Trabalhadores, ao PC do B; não é disso que se trata. Trata-se de uma questão de dignidade, trata-se de respeito a qualquer cidadão e cidadã deste Estado. E nós, com certeza, somos testemunhas dessa imparcialidade fundamental para que as pessoas, que, como eu, recebem o jornal às cinco horas da manhã, possam ter seu espaço de reflexão, aprofundar a sua opinião e tê-la. E isso nós podemos afirmar: o jornal Correio do Povo demonstrou e tem essa capacidade. Não necessariamente é preciso ser uma pedagoga ou pedagogo para compreender o que eu quero dizer, mas esse espaço de que a indução que nós temos nos setores de pesquisa, nos setores de opinião, não é algo de um dia para o outro, é desde o berço. É desde o berço, onde nós recebemos as informações necessárias para formar a nossa mente. Porque é muito fácil depois chegar e dizer que as pessoas não são induzidas, mas nós sabemos que na massa encefálica dos seres humanos do nosso Estado ou qualquer parte do mundo é assim que as coisas acontecem. Elas se constituem exatamente pela informação que elas recebem, porque o ser humano é fruto do meio. É claro que nós temos influências genéticas, mas hoje os meios de comunicação têm quase a totalidade dessa formação. E nós temos Golias no mundo, Ver. Raul Carrion, como os testas-de-ferro dos Estados Unidos, que estão na maioria do setor de imprensa deste País e deste Estado. E ainda bem que nós temos ainda setores importantes nesse meio que resguardam a autonomia e a capacidade e o espaço necessário para que as pessoas possam traduzir a sua opinião, ter um espaço para memorizar e o espaço para realmente efetivar as suas convicções.

Nós temos o dever histórico de dizer que nós e muita gente honesta como a sua, a nossa instituição jornal Correio do Povo, nós conseguimos reverter a história neste Estado, e vamos continuar fazendo, porque as pessoas têm a oportunidade.

Cada ser político tem o seu espaço e a sua forma de intervenção na sociedade. Posso testemunhar que esta Vereadora, que é de periferia, e que não tem o mesmo status que muitos outros, e não há problema nenhum com isso, não há problema, jamais fui discriminada, e tenho orgulho de dizer que quando Chico Buarque de Holanda, um dos nossos grandes poetas e compositores, recebeu desta Casa, através desta Vereadora, o Título de Cidadão Honorífico de Porto Alegre, eu estava lá, junto com o Chico e muitos Vereadores desta Casa, na primeira capa, e foi o único jornal que publicou. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Bosco Vaz está com a palavra, por cedência de tempo do Ver. Nereu D’Avila, em Grande Expediente.

 

O SR. JOÃO BOSCO VAZ : Sr. Presidente, Ver. Paulo Brum; Dr. Carlos Ribeiro, Diretor do Correio do Povo; Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, as pessoas que me antecederam nessa tribuna, Dr. Carlos, falaram da história de sucesso do Correio do Povo; essa história de sucesso se confunde com a história política desta Cidade, deste Estado e deste País.

Eu quero falar um pouco da minha história de vida e da minha história profissional, que foi toda feita em cima dos ensinamentos do Correio do Povo. Essa história profissional inicia lá em 1978, quando eu ainda cursava Comunicação Social na Universidade Católica de Pelotas e fui integrar a sucursal da Caldas Júnior, do jornal Correio do Povo naquela cidade. A partir dali, tive um crescimento profissional muito rápido, em função de todas essas oportunidades que me foram ofertadas pelo jornal Correio do Povo. Terminando o curso em 1979, vim direto da sucursal para a central do interior da Caldas Júnior. Na época, nós abastecíamos o jornal Correio do Povo, Folha, Rádio e TV Guaíba.

Em 1982, eu tive também a grande experiência e a primeira grande experiência de fazer a cobertura internacional, de poder ser um dos coordenadores da Copa do Mundo na Espanha para os veículos da Caldas Júnior. Eu trabalhei com inúmeros companheiros, com grandes jornalistas, aprendendo com cada um deles o chamado pulo-do-gato, inclusive aprendendo a operar o telex que, na época, era o aparelho através do qual recebíamos as matérias. Naquela época, na época boa em que se podia viajar com mais tranqüilidade, muitas vezes, Dr. Carlos, fazíamos as viagens de avião para o interior para fazer cobertura do nosso campeonato gaúcho.

Depois, eu acabei, por motivos profissionais, saindo da empresa, mas retornei em 1990 e até hoje estou com o meu programa na TV2 Guaíba, há doze anos no ar.

Eu também tive um longo período com a coluna no jornal Correio do Povo chamada de “Pisando na bola”.

Eu sempre digo às pessoas que perguntam sobre a minha história profissional que ela teve seu início em 1978, como disse, e o jornal Correio do Povo é o responsável por este meu crescimento rápido como profissional da comunicação.

Aprendi ali, Dr. Carlos, que é preciso fazer as coisas acontecerem, que é preciso ter coragem de “colocar a cara”, de colocar empreendimentos na prática sendo eles de sucesso ou não. Foi ali no jornal Correio do Povo que passei a conhecer e admirar grandes companheiros, grandes profissionais, que hoje estão espalhados pelo mundo todo e que tiveram, na nossa escola, o início de sua carreira. E o senhor, que dirige agora o Correio do Povo, sabe da qualidade de seus profissionais. Muitos que trabalharam comigo, alguns da nova geração do jornalismo, sabem – esses da nova geração – que estão trabalhando com grandes companheiros, profissionais como o Luis Schuck, Armando Burd, Hltor Monbach, o Alfredo Possas, que o incomoda de vez em quando, e tantos outros companheiros. Essa nova geração sabe o quanto é importante ter a escola do jornal Correio do Povo, o quanto é importante trabalhar num veículo de credibilidade, o quanto é importante trabalhar num veículo sério, o quanto é importante fazer uma matéria e, no dia seguinte, ouvir o leitor dizendo que, “se saiu no Correio do Povo é verdadeiro, se saiu no Correio do Povo é verdade”. Isso orgulha a todos nós, que trabalhamos lá, e orgulha a todos que lá estão trabalhando.

O jornalismo deve ser feito com paciência, com dignidade, e no Correio do Povo, entre tantas lições, temos aprendido isso. Sempre que se ouve, ouve-se os dois lados; sempre que se publica a crítica, ouve-se o criticado, dá-se o direito de defesa; sempre que se elogia, também é ouvido o elogiado.

Quero ser rápido, deixando aqui o meu abraço, o meu reconhecimento por todas as oportunidades que tive nesse veículo de comunicação. Continuo na Casa, na TV2 Guaíba, e lá quero permanecer por muito tempo. Tenho convivido com o senhor; tenho convivido com a Dr.ª Helena, sua irmã; tenho convivido com todos da família que têm sabido manter e ampliar a história do Correio do Povo. Muito obrigado mesmo e de coração por todas as oportunidades que tive como profissional da Caldas Júnior. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra, por cedência de tempo do Ver. Paulo Brum, em Grande Expediente.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, prezado Dr. Carlos, cento e sete anos de um jornal dá para a gente parar e pensar um pouquinho e lembrar as condições em que o jornal Correio do Povo surgiu, no século XIX, em 1895, um momento talvez tão crítico do ponto de vista político quanto o que nós vivemos agora, em que havia paixões, havia polarizações, em que se chegava às vezes até a brigar e, no caso do século XIX, a matar pela paixão política. Hoje talvez não tenha mais tanto isso, mas nos dois casos o jornal Correio do Povo tem cumprido uma função específica.

A partir de 1895, o fundador da Empresa Jornalística Caldas Júnior, hoje Correio do Povo, tinha a idéia de fazer um jornal que fosse informativo, antes de ser apenas ideológico. Mais do que nunca, hoje, no início do século XXI, nós precisamos de uma imprensa, de um meio de comunicação que seja essencialmente informativo. Nos dois casos o Correio do Povo cumpriu essa função. Só que o Correio do Povo foi mais além. A partir de 1895, quando idealizado e criado por Caldas Júnior, passou a ser também um jornal informativo e um jornal cultural. Eu tive a oportunidade, ao longo dos últimos anos, como pesquisador acadêmico, de folhear as páginas antigas do jornal Correio do Povo. E lembro que o primeiro folhetim - nos tempos áureos do folhetim, aquele romance em pedaços, que saía em edição dia a dia do jornal - publicado pelo Correio do Povo foi exatamente Os Farrapos, de Oliveira Belo, um dos primeiros romances do Rio Grande do Sul e um dos primeiros romances a abordar a história da Revolução Farroupilha. Depois, o Correio do Povo se notabilizaria pela publicação de textos de autores brasileiros e sobretudo de autores porto-alegrenses. E, ao longo de décadas, entrando no século XX, praticamente até os anos 40, ao final da II Guerra Mundial, o Correio do Povo foi-se constituindo gradualmente num espaço de leitura, que era a leitura político-econômica, naquela época basicamente para o chefe de família; a leitura da página feminina, da página de divertimento, com um indefectível romance de folhetim para a mãe de família, para a dona-de-casa, e foi criando espaços diferenciados - o espaço de cultura, o espaço infantil - onde, nos anos sessenta, tive o prazer de começar a experimentar o jornalismo.

Quem não lembra do Correio do Povo Infantil, por exemplo, que Maria de Lourdes Sá Britto editava, em página inteira, todos os domingos, e onde, talvez, muitos dos milhares de, hoje, cidadãos deste Estado, desta Cidade, pela primeira vez publicaram um texto, responderam ao teste do “Quem é que Sabe?” e ganharam um livrinho da Editora Melhoramentos e tiveram o seu nome publicado no jornal pela primeira vez? Ou, simplesmente, passavam o domingo se divertindo, lendo os textos, as histórias, as brincadeiras que aquela página publicava.

Por outro lado, fazendo a história do jornalismo cultural, quem não lembra a famosa página de capa do 1.º Caderno, que era o Espaço Literário editado por Paulo Fontoura Gastal e Carlos Jorge Appel? Depois, a criação do Caderno de Sábado. Depois do Caderno de Sábado, o Letras e Livros. E, hoje, nesta nova fase do Correio do Povo, recuperando não só o título de batismo da Folha da Tarde, não só para mantê-la como propriedade da Caldas Júnior, mas recuperando, na Folha da Tarde de hoje, encartada no sábado, aquele espaço da informação de cultura; no domingo, o espaço da crônica, que possibilita, realmente, a leitura diversificada de um jornal tipicamente para a família, onde se tem diferentes espaços, diferentes informações, diferentes atrações.

O Correio do Povo, nesses cento e sete anos, formou gerações inteiras de cidadãos e formou gerações inteiras de profissionais. Encontramos, hoje, no centro do País, jornalistas profissionais nacionalmente reconhecidos, que começaram a sua profissão lá na redação do Correio do Povo, nos tempos do velho Archymedes Fortini, Dr. Carlos, que, casualmente, sentava do lado da minha cadeira, ou eu sentava do lado da cadeira dele, como novato, chegando na redação de jornal; nos tempos do Adail Borges Fortes, que era o Secretário-Geral do jornal; nos tempos do velho Paulo Fontoura Gastal; nos tempos, enfim, das velhas máquinas Olivetti 88, com seu barulho absolutamente impossível de se agüentar. E, de certa maneira, milagrosamente, todos nós, profissionais, criávamos uma espécie de redoma para, a partir das 16, 17, 18 horas, podermos produzir as nossas matérias, “baixadas”, como se diz na gíria de jornalismo, até em torno das 21 horas, e, depois, o fechamento do jornal a partir da meia-noite e, enfim, a edição, a rodagem do jornal, a partir das 3 horas da manhã.

A tecnologia nova, que hoje marca não só o Correio como todos os jornais, mas que tem tido sempre no jornal Correio do Povo uma espécie de liderança de vanguarda começou ainda no século XIX. O Correio foi o primeiro jornal a ter impressora Marinoni no Estado do Rio Grande do Sul; foi capaz de importar máquinas para grandes formatações, as chamadas “rotativas”, logo no início dos anos vinte, aqui no Rio Grande do Sul. O Correio foi o jornal capaz de inovar em termos de impressão a laser, diversificando os pontos de rodagem não só em Porto Alegre, como em Lavras e depois em Carazinho. Há uma série de novidades que o Correio historicamente foi criando. Por exemplo: os classificados hoje são uma coisa normal no Rio Grande do Sul, foi o jornal Correio do Povo, num primeiro momento, quem os criou. Fora disso há posturas, há posições, há comportamentos daqueles que responderam pelo Jornal historicamente.

Lembro de um fato, Dr. Carlos, que certamente o senhor conhece: quando houve a depredação do Diário de Notícias, por motivo do suicídio de Getúlio Vargas, o jornal Correio do Povo imediatamente colocou as suas oficinas à disposição dos Diários Associados para que o Diário de Notícias lá fosse rodado. Mais recentemente, já na administração da família Ribeiro, igualmente houve posições de hombridade, defendendo interesses do Rio Grande do Sul, marcando posições muito claras, por vezes até enfrentando a incompreensão da opinião pública. Mas o jornal Correio do Povo não tem deixado, de maneira nenhuma, ao longo desses cento e sete anos, de mostrar, muito claramente, de colocar, com muita objetividade, as posições que defende. É por isso que, às vezes concordando, às vezes discordando, muito mais concordando do que, raras vezes, discordando, nós temos sempre a necessidade de respeitar o jornal Correio do Povo. Ele é a história da imprensa do Rio Grande, mas ele é, sobretudo, a história do próprio Rio Grande do Sul, e isso, mais uma vez, nós vamos ver nesses próximos dias, pela possibilidade de uma cobertura absolutamente ampla e isenta em relação ao processo eleitoral, como tem feito em tantas outras vezes.

Eu quero, portanto, Dr. Carlos, ao senhor, com quem a gente tem um contato maior, agradecer em meu nome, como Vereador, em nome do Ver. Paulo Brum, que é meu colega de Bancada, inclusive pela cobertura que tem dado a esta Casa. O jornal Correio do Povo tem sido dos raros órgãos de comunicação em que os Vereadores de Porto Alegre encontram um espaço de cobertura em relação às suas atividades, noticiadas na coluna do Armando Burd, em vários outros espaços fundamentais, inclusive na Caldas Júnior.

Por tudo isso, nós esperamos que estes cento e sete anos sejam, sobretudo, a possibilidade de nós pensarmos em outras décadas, em outro centenário, e que o jornal Correio do Povo se mantenha fiel àquele seu programa de 1895. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra, em Grande Expediente.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Ex.mo Ver. Paulo Brum, que preside os trabalhos da Casa nesta Sessão em que se dedica o Grande Expediente a homenagear o jornal Correio do Povo por mais um aniversário, que deve ocorrer na data de amanhã; ilustre Diretor da Empresa Jornalística Caldas Júnior, Dr. Carlos Bastos Ribeiro; colega Raul Carrion, proponente da homenagem; senhoras e senhores presentes; senhores jornalistas e funcionários do jornal Correio do Povo que nos honram com suas presenças; senhores e senhoras. Evidentemente que esta Casa não poderia deixar de assinalar o transcurso do aniversário de um jornal como o Correio do Povo, essa instituição centenária da sociedade gaúcha, que, enfrentando alguns obstáculos, conseguiu, pelo tirocínio de seus dirigentes, os passados e os presentes, transpor todo esse período em que vários e importantes veículos de comunicação social do País se dobraram às dificuldades contextuais que assolam vários segmentos da economia brasileira. Homenagear um órgão com essas características - o rosa e o renovado - é, evidentemente, um fato que esta Casa certamente não poderia se omitir de fazer.

Por isso, houve-se bem o Ver. Raul Carrion ao requerer esta homenagem, e houve-se melhor ainda a Casa, quando, de forma unânime, entendeu de assim proceder.

Pedia-me o meu Líder, o Ver. Luiz Braz, que acentuasse a posição da Bancada do Partido da Frente Liberal neste acontecimento, uma vez que, para nós, liberais, saudar um órgão de imprensa livre, independente, soberano e forte, é, indiscutivelmente, uma postura da qual nós jamais iremos abdicar. E me senti muito à vontade de saudar o Correio do Povo. Acho que ninguém, em sã consciência, deve duvidar da sua independência e da sua altaneria. É um jornal de opiniões fortes, que sabe até mesmo, quando exerce o direito de divergir, de opinar e de se posicionar, fazê-lo com muita respeitabilidade e, sobretudo, com muito apego à verdade. Não se diga que o Correio, em nenhum dos seus momentos, nem hoje, nem ontem, nem no passado e, certamente, nem amanhã, possa, em algum momento, ter transigido com relação àquilo que é, sem dúvida, a marca registrada dos veículos de comunicação sérios: o apego à verdade. Opiniões de órgãos de imprensa, só não as admite aquele que não é democrático, só não as admite aquele que não tem coerência no discurso com a prática.

Nós, que advogamos uma imprensa livre, nós, liberais, que sustentamos que a liberdade de imprensa é um dos primados da verdadeira democracia e um dos mais claros sintomas do pleno exercício da cidadania, defendemos sempre o direito de a imprensa, por todos os seus meios, se manifestar com liberdade, ainda que, eventualmente - por que não? -, essa liberdade possa representar posições e palavras que não tenham sido exatamente aquelas que nós gostaríamos que fossem proferidas naquele momento. Mas ter gosto pela liberdade de imprensa para que ela ressalte as nossas qualidades, as nossas posições, isso não é querer uma imprensa livre, isso é querer uma imprensa comprometida e subjugada a interesses setoriais, que, de modo nenhum, nós poderíamos, como liberais, pretender e que não é ao longo do tempo a tradição do jornal Correio do Povo. Por isso, meu caro Carlos Ribeiro, quero, com a maior tranqüilidade e a maior serenidade, em meu nome e em nome do Ver. Luiz Braz, rogar a Deus para que o nosso Correio, o Correio do Povo renovado, o róseo moderno, prossiga na sua senda de afirmação cada vez maior.

Por todos os cantos por que eu tenho andado, neste Rio Grande, eu encontro, desde muito cedo, o jornal Correio do Povo com as suas informações, respeitado como sempre foi, acolhido como sempre foi, tradição que é dos pampas, tradição que é do Rio Grande.

O PFL sente-se extremamente distinguido em poder usar a tribuna neste momento para homenagear o jornal Correio do Povo, a sua Direção, o seu corpo de funcionários, na convicção de que, em nenhum momento, repito, em nenhuma oportunidade, enfatizo, a afirmação dos nossos princípios de apego à liberdade de imprensa, ao direito de opinião, que deve ser consagrado aos veículos de comunicação em uma sociedade democrática, foi tão viável de ser exaltado como o é no presente momento. Não se diga, por equívoco, que estejamos aqui retratando situações momentâneas; muito antes pelo contrário: retratamos afirmações que, apesar das mudanças de comando, continuam sendo a tradição desse veículo pensado por Caldas Júnior e hoje impulsionado pelos seus atuais dirigentes que, sem dúvida nenhuma, são uma marca do Rio Grande, porque o jornal Correio do Povo, em todos os momentos, sempre conseguiu aliar tradição com ações inovadoras. Eu disse que o jornal Correio do Povo, em determinado momento, resolveu reduzir o tamanho para aumentar o conteúdo, e penso que alcançou por inteiro o objetivo.

Meus cumprimentos, caro Ribeiro, leve aos seus demais companheiros de direção os cumprimentos do Partido da Frente Liberal, que se sente muito orgulhoso de mais uma vez homenagear, com o seu respeito, com a sua admiração esse grande veículo da imprensa rio-grandense. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Ver. Reginaldo Pujol, receba dos seus amigos desta Casa, da Mesa Diretora, do nosso Presidente, as felicitações pelo seu aniversário, na data de amanhã, e que V. Ex.ª alcance, como o Correio do Povo, cento e sete anos.

Aproveitamos a data de hoje para desejar felicidades ao nosso querido amigo, Ver. Marcelo Danéris, que está de aniversário na data de hoje. Receba os cumprimentos dos seus amigos, da Mesa Diretora e desta Presidência.

Saudamos e registramos a visita orientada do Centro Comunitário da Fundação de Assistência Social e Cidadania - FASC -, Regional Glória, Cruzeiro, Cristal, que faz parte do Projeto Agente Jovem. São vinte adolescentes, acompanhados pela Orientadora Daiane Pastoriza e pela Instrutora Liliana Haas. Essa atividade faz parte do Projeto Educação Política que o Memorial da Casa realiza junto às escolas e entidades de Porto Alegre e Região Metropolitana. Sejam bem-vindos à nossa Casa.

O Ver. Sebastião Melo está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) A nossa saudação especial ao Dr. Carlos Bastos Ribeiro, extensiva a toda a diretoria da empresa, a todos os funcionários, a todos os profissionais, porque sem eles, com certeza, esse veículo não teria se tornado o que se tornou e não cumpriria o papel que cumpriu e que cumpre até hoje. A nossa saudação é extensiva a todo esse elenco de profissionais e servidores da Casa.

Esta Casa, Ver. Carrion, presta muitas homenagens, mas tem algumas delas que, sem dúvida alguma, destacam-se. Tivemos, logo ali atrás, uma homenagem à Rádio Guaíba; hoje, temos a homenagem ao Correio do Povo. São homenagens justíssimas, porque esses veículos simbolizam a história do Rio Grande do Sul e se confundem com a própria história do Estado.

O jornal Correio do Povo nasceu justamente em um momento muito conflituoso da história do nosso Rio Grande do Sul, na Revolução Federalista, quando chimangos e maragatos degolaram pelo Rio Grande afora. Eu destaquei alguns aspectos da história do Correio do Povo, que eu quero traduzir neste momento. Primeiro: o Correio do Povo, para nós, significa a entrada do Rio Grande do Sul na época da modernidade; ele foi o primeiro jornal a se tornar independente, ou seja, o primeiro que não era ligado aos partidos políticos, como era a tradição do Rio Grande do Sul. O Correio do Povo foi um jornal imprescindível para a formação da sociedade gaúcha na forma com está hoje organizada. O Correio do Povo foi fundamental para a formação do público no Rio Grande do Sul. As pessoas esperavam a chegada do trem para receber e ler o Correio do Povo. O Correio do Povo era importante tanto para a vida econômica quanto política, social e cultural do nosso Estado. Por exemplo, o Correio do Povo tinha uma página dedicada exclusivamente às corridas de cavalos. Lá no interior, os animais citados nas páginas do Correio do Povo eram fortes indicadores para os criadores de cavalos.

O Correio do Povo também abrigou em suas páginas os maiores intelectuais do Rio Grande do Sul, como Mário Quintana e Carlos Reverbel, entre tantos outros. Na política, o Correio do Povo serviu para exibir uma cobertura profissional e se tornar efetivamente o maior defensor dos seus ideais republicanos. Não é por acaso que o Correio do Povo, Ver. Carrion, foi o primeiro órgão da imprensa gaúcha a cobrir in loco as eleições de 1982 e o primeiro a declarar o resultado final absolutamente correto. E todos nós lembramos daquela eleição disputada pelo Pedro Simon, Jair Soares e pelo Dr. Collares.

O Correio do Povo, em sua primeira fase, acabou fechando por conta da perseguição da ditadura militar. E por que digo isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, especialmente ao Diretor Carlos Ribeiro? Lembro muito bem que aquelas operações das chamadas 63, que eram os empréstimos internacionais, isso foi muito ventilado por vários jornais. Naquela época, tanto a Globo, a Abril, o Estadão como outras empresas gaúchas, todas elas foram, Ver. Marcelo, isso se noticiou, informadas daquela desvalorização e, com isso, permitiram que elas renegociassem as suas dívidas; caso contrário foi com o jornal Correio do Povo, que não foi avisado naquela época, uma empresa não só gaúcha, mas brasileira com tantos serviços prestados ao Rio Grande do Sul. Portanto, no Rio Grande do Sul, no jornal Correio do Povo, Ver.ª Maristela, fundamentalmente por causa daquelas operações, daqueles empréstimos internacionais contraídos, aconteceu o que aconteceu. Então, essa primeira fase do jornal Correio do Povo foi quando o jornal fechou. E vem a segunda fase do Correio, onde V. S.ª com os demais diretores deu um novo impulso ao jornal Correio do Povo.

E quero destacar que quando os senhores assumiram o Correio do Povo ainda era um modelo standard do jornal, depois mudou para o tablóide; digamos que foi um avanço do jornal moderno, hoje adotado por vários jornais do mundo inteiro. Ele passou com isso a ser um jornal mais ágil.

Hoje, o jornal Correio do Povo é rodado em Porto Alegre e também no interior, portanto ele chega mais rápido na casa das pessoas, na casa dos seus assinantes, e é o jornal Correio do Povo que tem um maior número de assinantes no Rio Grande do Sul.

Então, Dr. Carlos Bastos Ribeiro, queria destacar que uma democracia se constitui de vários pilares, mas um deles é maior do que os outros: a liberdade de imprensa, que é uma imprensa fortalecida e forte, que possa traduzir os anseios de um país que tem um futuro magnífico e tem tudo para ser uma grande nação social, com uma bela distribuição de renda, ao contrário do que hoje acontece.

Com certeza o jornal Correio do Povo tem dado a sua contribuição. O desafio neste momento é maior, porque temos de avançar indiscutivelmente para radicalizar a democracia, não só formal, que é ter o direito de votar, mas que o cidadão possa, além de votar, ter, evidentemente, justiça social e, portanto, ter justiça social significa que a imprensa tem um papel fundamental para resgatar a afirmação da democracia, resgatar a justiça social.

Portanto, queria deixar aqui o nosso abraço da Bancada do PMDB, meu, pessoal, e o abraço do Ver. Fernando Záchia pelo transcurso de mais um aniversário do jornal Correio do Povo, e de tantos outros que o Parlamento gaúcho e que outras Câmaras de Vereadores registraram e estão registrando, neste momento, por este Rio Grande afora. Quero dizer que para nós é um motivo de orgulho participar deste momento da história, sabendo que o nosso Correio do Povo continuará, com certeza, resgatando a cidadania, a democracia, e dando uma contribuição para o MERCOSUL, para o Brasil, mas especialmente para os gaúchos e para as gaúchas. Um abraço muito fraterno ao senhor, a toda a família, a todos os funcionários e a todos os profissionais dessa grande e extraordinária Empresa Caldas Júnior. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente; Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores; Sr. Dr. Carlos Bastos Ribeiro, Diretor da Empresa Jornalística Caldas Junior; minhas senhoras e meus senhores, a Bancada do Partido Democrático Trabalhista usa o seu tempo de Liderança para, em nome dos Vereadores da sua Bancada - Ver. José Fortunati, Ver. João Bosco Vaz, Ver. Ervino Besson, Ver. Mauro Zacher, Ver. Humberto Goulart -, saudar essa instituição que se encontra no seu terceiro século de existência, com a consciência da importância que tem a imprensa no Rio Grande do Sul e o papel dessa instituição, o Correio do Povo, na vida do Rio Grande do Sul e do nosso País. Eu diria que a história do Correio do Povo acompanha, Dr. Carlos, a história republicana do Rio Grande e do Brasil, posto que, na mesma década, praticamente no mesmo período, da proclamação da República Brasileira, nascia o Correio do Povo. E a importância histórica dos fatos marcantes da vida da nossa Cidade, do nosso Estado, do País e do mundo encontra-se registrada nas páginas do Correio do Povo, verdadeiro acervo da história contemporânea, brasileira e mundial.

Alguns oradores que aqui me antecederam referiram alguns episódios marcantes, e quando se folheiam as edições históricas do Correio do Povo, vêem-se os fatos marcantes da vida republicana do Brasil. Refiro-me à Revolução de 30, larga e fartamente noticiada pelas páginas do Correio do Povo. Da vida republicana rio-grandense especificamente, refiro-me à memorável página histórica sobre a qual as páginas do Correio são referência obrigatória do ponto de vista histórico: o célebre episódio da renúncia do Presidente Jânio Quadros e da Legalidade, Ver.ª Maria Celeste.

Cobrindo o panorama mundial, o jornal Correio do Povo está sempre presente nos locais onde os fatos históricos, as crises internacionais se desenrolam. Cito como exemplo a cobertura original e singular da Guerra do Vietnã e do conflito no Oriente Médio em seus vários momentos. Isso só já marca a vida dessa instituição que, felizmente, depois de um curto espaço de tempo sem circulação, retornou, com humildade, com a disposição de fazer um jornalismo sério e responsável, para o cenário da vida do Rio Grande.

O Dr. Carlos Ribeiro e o Dr. Renato Ribeiro, hoje, se constituem em referências, e aqui prestamos a homenagem a isso que proporcionaram ao Rio Grande: a marca da continuidade da existência de um jornal com a história do jornal Correio do Povo. Os senhores devem-se orgulhar desse papel, desse resgate que proporcionaram, não permitindo que criássemos qualquer monopólio da informação, mas permitindo que o Rio Grande tivesse variados jornais, proporcionando assim riqueza, visões e oportunidades de presença do jornalismo na vida do Rio Grande do Sul e do nosso País.

Vida longa, Dr. Carlos, ao jornal Correio do Povo! Vida longa a essa instituição que foi resgatada por homens de visão e que ainda tem um grande papel a desempenhar na vida do Rio Grande e do nosso País! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Sr. Carlos Bastos Ribeiro, Diretor da Empresa Jornalística Caldas Júnior, está com a palavra, em Grande Expediente.

 

O SR. CARLOS BASTOS RIBEIRO: Sr. Paulo Brum, presidindo os trabalhos desta Sessão; Ver. Raul Carrion, proponente desta homenagem; Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores; senhores jornalistas e funcionários do jornal Correio do Povo; demais autoridades presentes; senhores da imprensa; senhoras e senhores; eu gostaria de, neste momento em que o jornal Correio do Povo é homenageado, na oportunidade em que completa cento e sete anos de existência, agradecer a esta Câmara de Vereadores, que nos recebe com tanta gentileza e fidalguia. Em nome da Diretoria do Correio do Povo, em nome do seu Presidente e dos demais companheiros de direção, em nome dos funcionários do Correio do Povo, dos colaboradores do Correio do Povo, nós queremos reafirmar que as posições e a filosofia do Correio do Povo, que, há mais de cem anos, vêm sendo implementadas, continuarão sem sofrer nenhuma mudança. Nós temos absoluta segurança em afirmar que a nossa Empresa vai continuar independente, vai continuar com um enfoque pluralista com relação a todas as correntes de pensamento e vai continuar, sobretudo, fortemente vinculada, muito fortemente, aos interesses do nosso Estado e aos interesses da nossa comunidade. Dito isso, mais uma vez quero agradecer a homenagem recebida aqui pela nossa Empresa. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Queremos mais uma vez saudar o Ver. Raul Carrion por sua iniciativa, que possibilitou que a nossa Casa prestasse essa justíssima homenagem aos cento e sete anos da fundação do jornal Correio do Povo. Nós agradecemos a presença do Dr. Bastos e suspendemos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h45min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum – às 15h48min): Estão reabertos os trabalhos.

 

O SR. PAULO BRUM: Solicito ao Ver. João Antonio Dib que assuma a presidência dos trabalhos para que eu possa falar em Grande Expediente.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Paulo Brum está com a palavra, em Grande Expediente, por cessão de tempo do Ver. Pedro Américo Leal.

 

O SR. PAULO BRUM: Ver. João Antonio Dib, na presidência dos trabalhos, visto que não temos nenhum integrante da Mesa Diretora neste momento.

Na realidade eu não gostaria de utilizar de novo esta tribuna sagrada para tratar de questões que eu achava que já estavam enterradas. Agradeço ao Ver. Pedro Américo Leal que possibilita que eu assuma essa tribuna.

Eu fiz uma denúncia dessa tribuna de que um Deputado Estadual mandou uma correspondência para as pessoas portadoras de deficiência que detêm o benefício do passe livre no TRENSURB, e esse Deputado dizia - e eu tenho comprovado, não sou nenhum louco, não sou um débil mental de vir a esta tribuna sagrada e não ter comprovante; eu comprovo, eu li aqui a carta do Sr. Jorge Gobbi - que foi ele que conseguiu o passe livre no TRENSURB para as pessoas portadoras de deficiências. E mais grave ainda, mais grave: na carta ele diz que para as pessoas portadoras de deficiência continuarem a ter o benefício do passe livre na TRENSURB só se votarem nele. Está ali, está escrito na carta. Eu denunciei. Só que eu não sei o que está havendo, a imprensa não mostra os fatos. Eu sou bandido, eu virei bandido, porque denunciei que um cidadão picareta... Qual é o termo, não é picareta? O cara diz que fez e não fez, diz que para ter, só se votarem nele. Pois bem, eu estou pasmo, porque, no correio eletrônico do Diego Casagrande, ele está dizendo aqui, hoje, dia 30, que solicitou ao meu Partido, PSDB, uma Comissão de Ética contra este Vereador. Eu faltei com a ética, por tê-lo chamado de picareta. Mas qual é o outro termo? Deputado Estadual Jorge Gobbi; eu vou falar claramente: Jorge Gobbi.

Ele diz que foi diretor dos Correios e Telégrafos e que empregou duzentas pessoas portadoras de deficiência. Que bom! Eu não estou dizendo nada disso, não sou contra. Eu sou contra e denunciei que ele disse que foi ele que deu o benefício do passe livre no trem, e não deu, é mentira! E vai além, disse que eu estaria indignado, porque sou o dono, eu tenho o monopólio. Mas que absurdo! Quem me conhece, quem me viu chegar a esta Casa... Eu não defendo as pessoas portadoras de deficiência, eu defendo a mim enquanto cidadão. Eu vivencio isso no dia-a-dia. A minha luta sempre foi, sim, para garantir os nossos direitos de cidadãos, nada mais do que isso! O benefício do passe livre está consagrado na Constituição Federal. Nós lutamos. E quando ele diz que para manter esse benefício só se votarem nele, isso é piada, isso é mentira! Só quem pode acabar com esse benefício é o Governo Federal, através da TRENSURB, e a Federação Rio-grandense de Entidade de Pessoas Portadoras de Deficiência Física, FREDEF, da qual eu sou Presidente. Só essas duas entidades é que podem acabar com esse benefício; não o Sr. Jorge Gobbi.

Pois bem, Ver. Pedro Américo Leal, agradeço a V. Ex.ª... Eu não queria mais falar sobre isso; pensei que já estava sepultada essa história. Denunciei com fatos, indignado, não por estarem dizendo que eu tenho o monopólio da luta das pessoas portadoras de deficiência; não. Nesta Casa, meu Deus, há oito anos nós lutamos, e não aprovei nada aqui sozinho. Não consegui aprovar nenhuma lei aqui sozinho. E tenho mais de trinta leis que dizem respeito a possibilitar a cidadania às pessoas portadoras de deficiência. Não foi o Ver. Paulo Brum, foi a Câmara Municipal de Porto Alegre, que coloca a nossa Porto Alegre como uma referência para o Brasil e para o mundo, no que diz respeito às questões que envolvem as pessoas portadoras de deficiência. Não é indignação, apenas, por alguém mandar uma correspondência, que é direito de todos. Como é que o Sr. Jorge Gobbi conseguiu esse cadastro oficial que só a TRENSURB possui? E mandar essa mentira.

Pois bem, o Sr. Jorge Gobbi entrou com requerimento nesta Casa, que requer cópia integral do pronunciamento do Ver. Paulo Brum proferido na Sessão de 23 de setembro de 2002: “Sr. Presidente, a presente tem a finalidade especial de solicitar a V. Ex.ª a cópia integral, por certidão, do pronunciamento do Ver. Paulo Brum, PSDB, ocorrido na Sessão da última segunda-feira, em que aquele Parlamentar proferiu manifestações referentes a minha pessoa. Outrossim, apreciaria receber a cópia da gravação da mesma Sessão da Câmara Municipal, transmitida pelo Canal 16, ao mesmo tempo em que peço direito de resposta no mesmo espaço, e na mesma quantidade de vezes que o pronunciamento do Ver. Paulo Brum foi levado ao ar. Considerando que a eleição para a Assembléia Legislativa ocorrerá no dia 6 de outubro, e visando à manutenção do equilíbrio na disputa entre os candidatos, encareço os seus bons ofícios, no sentido de que a presente solicitação seja efetuada com a urgência necessária.” O Sr. Jorge Gobbi quer direito de resposta. As minhas notas taquigráficas são públicas, já estão na nossa Internet, e, com certeza, o Sr. Presidente vai deferir a solicitação do Sr. Jorge Gobbi.

Por outro lado, quero dizer de público e não havia feito: a Federação está com um processo pronto e, agora, eu vou liberar os nossos advogados para que eles entrem, amanhã mesmo, com uma queixa no Tribunal Regional Eleitoral, porque esta carta que o Sr. Jorge Gobbi mandou às pessoas portadoras de deficiência é uma carta mentirosa, enganosa, onde ele diz que só vão ter o benefício do passe-livre no trem se votarem no Sr. Jorge Gobbi. Isso é crime eleitoral! Eu estou dizendo publicamente e quero que a imprensa assim publique. Amanhã a Federação Rio-grandense de Entidades de Deficientes Físicos, da qual com muito orgulho e com muita honra eu sou o Presidente há cinco anos, estará entrando no TRE com uma queixa-crime contra o Sr. Jorge Gobbi por falsas mentiras. Isso é crime eleitoral; quero que a Justiça analise isso com muito carinho. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Estilac Xavier está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, público do Canal 16. É um prazer participar da tribuna neste período de Comunicações, sob a presidência dos trabalhos do Ver. João Antonio Dib, nosso mais antigo Vereador desta Casa.

Na sexta-feira aqui ocorreu uma Audiência Pública muito importante, porque amanhã deverá estar indo a Brasília provavelmente o Procurador do Município Gustavo Nygaard, que vai fazer a representação do Recurso Extraordinário no Supremo Tribunal Federal, Ver. Luiz Braz, tentando suspender aquela liminar do Tribunal de Justiça, aliás, Tribunal que merece todo o nosso respeito. É evidente que numa sociedade democrática a Justiça, independente do mérito, é a última palavra, porque assim foi montado o nosso sistema de funcionamento. Tivemos momentos altos e baixos naquela Audiência, mas creio que ela foi suficientemente aberta e democrática para que aqui se expressassem as opiniões favoráveis e contrárias. Por exemplo, o Ver. Isaac Ainhorn estava na Sessão, manifestou-se de forma muito contundente, inclusive não tratou exatamente do assunto, do mérito, mas fez a sua manifestação. Eu lamentei, Vereador, pelo respeito que tenho por V. Ex.ª, que é um homem ilustrado e temperado aqui neste Plenário, V. Ex.ª não ficou naquela oportunidade para ouvir, alguns acharam inclusive que houve uma altercação, porque, na verdade, solicitei ao Vereador que permanecesse no Plenário.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Estilac, V. Ex.ª sabe a admiração e o respeito que tenho por V. Ex.ª como Parlamentar. Mas, o que eu critiquei, fundamentalmente, naquela Audiência Pública, de cartas marcadas, que era só para sustentar a posição do Sindicato dos Comerciários dessa visão corporativista que impede a liberdade do comércio, é que era um “samba de uma nota só”. Era só um lado, não tinha a pluralidade e o contraponto. Foi isso o que critiquei. V. Ex.ª, que é um democrata, que gosta de ouvir os dois lados, não tinha nenhuma avaliação, nem o pró nem o contra.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: V. Ex.ª é um homem temperado e conhecedor dos assuntos. Não pode abusar da nossa inteligência, assim como nós privilegiamos primar e compartilhar da sua. Numa audiência pública vêm os interessados; se uma das partes não veio, se omitiu de vir. Não é verdade que foi só o Sindicato do Comerciários que aqui estava presente, também estavam a Associação dos Minis e Pequenos Mercados, tinha o Bairro Tristeza, a Associação Nova Azenha, vários, inclusive representantes do SINDILOJAS, que sendo da base do SINDILOJAS, quase todos o são, não se manifestaram.

 

O Sr. Raul Carrion: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Rapidamente, Ver. Estilac, queria recordar que ao falar na Audiência Pública, eu lamentei a ausência, apesar de pública a convocação, do CDL, do SINDILOJAS, da FEDERASUL, da AGAS que, inclusive, ao não virem a essa Audiência, demonstraram um grande desrespeito a esta Casa, à categoria comerciária e à população de Porto Alegre. Foi, portanto, uma ausência dirigida para não participarem do debate.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Premeditada. Agradeço Ver. Carrion. Naquela oportunidade, Ver. Isaac Ainhorn, eu, como acho que esta Casa é uma casa democrática, que bom que todos os dias estivesse cheio este Plenário, aplaudindo, se manifestando, mas não concordo também que tenha sido, Vereador, aparteado por manifestações do público durante a sua fala. Para isso eu também contribuí pedindo que não houvesse a manifestação. De resto, acho que o Vereador foi aplaudido ou apupado em relação a sua opinião, depois da sua fala. Isso é natural.

Aquela manifestação que houve aqui é uma manifestação que nos deve fazer pensar sobre o que está em jogo na cidade de Porto Alegre, pois o que está em jogo na cidade de Porto Alegre é uma questão da economia local.

Hoje recebi informação de uma pequena loja na Av. Independência, Ver. Luiz Braz, que se diz já em condições de falência. Uma mulher, que é dona de uma loja de vestuários, sofre o peso da concorrência, pois está sendo castigada fechando a loja.

Então, eu vou analisar isso. São elementos que nós temos que trazer aqui, porque, se a economia da Cidade é atingida, nós temos aqui, como Vereadores, de alguma forma, de contribuir nesse sentido.

Vereador-Presidente, vou-lhe pedir que me oportunize no fim da minha fala...

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Vou deixar V. Ex.ª encerrar o seu pronunciamento, mas, na minha dificuldade, V. Ex.ª teve mais do que cinco minutos.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Mas não conclui os meus cinco minutos, o tempo está-se escoando para eu concluir.

Eu só gostaria de dizer, ao fim da minha fala, Vereador, uma questão importante. Eu estou propondo uma discussão nesta Casa, que é uma proposta que vou levar ao Prefeito João Verle, que diz respeito ao ITBI. Encontrei muitos problemas em relação a isso e tenho visto que essa é uma forma que nós podemos, talvez, abrandar, numa sugestão ao Prefeito, porque o ITBI – Imposto de Transmissão de Bens Intervivos - é um imposto pago - 3% do valor da transação - no ato para, depois, haver os registros no cartório de imóveis.

Esta Casa propôs parcelamento de multas e foi aprovado. Eu tive uma certa contrariedade, mas acompanhei o voto, pois estava acertado e acho que é justo até em certa medida, mas eu acho que o ITBI mereceria também um tratamento de parcelamento, desde que ele fosse condição ao se realizar a quitação, e, aí sim, fazer a transmissão do bem mediante o registro no cartório de imóveis.

É uma proposição que vou fazer ao nosso Prefeito João Verle e que esta Casa deveria, também, ajudar a se pronunciar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Ex.mo Ver. João Dib, que preside os trabalhos nesta tarde, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, também queria me referir à problemática da abertura do comércio ao domingos, quando tivemos essa Audiência Pública aqui concorrida. Reafirmo o que disse naquele dia, que lamentamos enormemente a ausência das entidades que defendem a abertura do comércio aos domingos, que não se dignaram a vir aqui discutir essa temática, mostrando uma grande arrogância e desprezo com esta Casa e com a sua categoria de trabalhadores e com a própria Cidade.

Queria dizer que a manifestação nesta Audiência Pública foi extremamente plural, mostrando não tratar-se de uma reivindicação ou uma demanda corporativa dos comerciários. Aqui estiveram, evidentemente, comerciários, sindicatos, a Federação. Aqui estiveram, é importante destacar, a maioria das representações das entidades de pequenos e médios comerciantes, comerciantes de bairro, de fruteiras, de minimercados, todos eles unânimes, mostrando a sua contrariedade à abertura do comércio aos domingos.

Quero dizer que tenho percorrido a Cidade e colhido manifestações também dos artesãos desta Cidade, que manifestam a sua contrariedade e a sua preocupação, porque, evidentemente, sabemos que é aos domingos, em momentos de lazer nos parques, em diversos lugares, onde os artesãos vendem a sua produção.

Mas queria mais: dizer que essa abertura indiscriminada, desregulamentada do comércio aos domingos, está-se revelando no que nós sempre dizíamos aqui. E quero recordar que o Ver. Isaac Ainhorn afirmava, muitas vezes, ao defender a abertura do comércio aos domingos – respeitamos a posição – que isso não significava que ele era favorável à retirada dos direitos dos comerciários. Pois bem, o que nós estamos assistindo, Ver. Isaac Ainhorn, é exatamente o que nós havíamos dito e que V. Ex.ª também se rebelava contra, ou seja, está aqui: (Lê.) “AGAS defende fim do prêmio aos domingos.” Foi retirado o prêmio aos domingos, foram retirados os vales-transporte, foram retirados vales-refeição, foram retiradas as folgas extras aos domingos. Ver. Isaac Ainhorn, a cada três domingos trabalhados, nos acordos de dissídio, os comerciários tinham mais um domingo livre; a possibilidade de escolher o dia da folga era também acordada em dissídio. Ou seja, aquela Lei aprovada, em vigor, nesta Cidade, há dez anos, resguardava, por um lado, o interesse, muitas vezes, da população de, em determinados momentos, abrir; resguardava o interesse do comerciante, em determinados momentos, a abertura, e resguardava o interesse do comerciário para que, nesses dias, então, houvesse um mínimo de compensação, Ver. Luiz Braz, que nos acompanha atentamente. Mais do que isso, estamos vendo uma verdadeira caça às bruxas, perseguições àqueles trabalhadores que ousam usar da liberdade de querer ou não trabalhar aos domingos, que era outro discurso: “Os comerciários que quiserem trabalhar, trabalharão; os que não quiserem, não trabalharão.”

E tivemos aqui depoimentos terríveis de comerciárias que inclusive foram agredidas verbal e fisicamente, porque se negaram ou manifestaram a intenção de não trabalhar.

Queria concluir falando sobre um verdadeiro escândalo, que é a decisão de lojistas gananciosos de trabalhar, Ver. Américo Leal, até no dia das eleições, feriado nacional, dia 6 de outubro, este domingo e dia 27 de outubro, esquecendo que muitos comerciários precisam deslocar-se para os seus Municípios para votar; que muitos comerciários têm que acompanhar seus familiares para votar. E mais do que tudo, porque na nossa terra as eleições são um grande momento cívico de mobilização, onde cada cidadão tem o direito legal de expressar a sua preferência eleitoral portando camisetas, bandeiras, desfilando nas ruas com a preferência dos seus candidatos. Até isso, o direito cívico de manifestação, essa lamentável decisão da Justiça gaúcha, em nível liminar, fazendo verdadeira aberração jurídica neste País, uma liminar, Ver. Américo Leal, contra uma decisão transitada em julgado sobre o mesmo tema.

Quero dizer da indignação da Bancada do PC do B com esse atropelamento à liberdade de votar no domingo dia 6 e no domingo 27. E dizer que isso é inadmissível e que lutaremos em todos os fóruns possíveis para que esses empresários gananciosos recuem da decisão de forçar os comerciários e as comerciárias a trabalharem no domingo 6 e no domingo 27. E tenho certeza de que todos os Vereadores da Casa serão solidários com essa postura da Bancada do PC do B. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Prezado Presidente dos trabalhos, Presidente em substituição, Ver. João Antonio Dib, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, no dia 14 de outubro, a Lei de nossa autoria que prevê que toda a vez que houver um show internacional em Porto Alegre seja precedido por músicos locais, depois de muita discussão, muito embate, será cumprida.

A banda gaúcha Comunidade Ninjitsu fará a abertura do show do Red Hot Chili Peppers. E a Comunidade Ninjitsu é uma banda que tem uma grande aceitabilidade por parte do público porto-alegrense e do público gaúcho.

Quando essa Lei foi aprovada aqui nesta Casa por unanimidade criou-se uma polêmica, uma polêmica de que o cumprimento dessa Lei talvez fosse fazer com que as vertentes musicais fossem divergentes. E nós fizemos sempre questão de falar que Porto Alegre possui um manancial de músicos muito bons em todas as vertentes musicais. Agora, ficamos satisfeitos porque, depois de muita discussão, de ameaças inclusive de entrar no Ministério Público para o cumprimento da Lei, depois de convocar a Sr.ª Secretária Municipal de Cultura aqui nesta Casa, vemos que a abertura desse show será contemplada com os nossos músicos. E vou ficar curioso, quero estar lá com a minha equipe para saber o que a juventude pensa sobre essa Lei. Na oportunidade, a repercussão por parte da população foi boa. Eu quero saber se realmente eles concordam, se eles entendem que Porto Alegre tem esse cabedal de músicos.

A Lei – para os senhores e as senhoras entenderem – foi concebida e teve, sim, uma discussão nesta Casa, e fala que essa abertura só será aplicada em locais com capacidade acima de duas mil pessoas. Então, os teatros de nossa Cidade não estão contemplados. Poderíamos perguntar: mas por que os teatros não estão contemplados? Porque a metragem dos palcos dos teatros é menor e fica mais difícil de sobrepor a questão do equipamento, a questão do material específico de cada banda. Mas nos megashows, nos megaeventos cujos palcos têm 200, 300 m2, por que não aplicar a Lei? E assim foi feito; com uma discussão, na época, com as produtoras, que, depois, tiveram dificuldades em assumir. Falaram-nos na dificuldade de que Porto Alegre, com a aplicação da Lei, deixaria de ser uma rota cultural, porque determinados grupos não aceitam essa imposição.

Quero também dizer aos senhores e às senhoras que essa Lei foi copiada em mais de quarenta Municípios do Rio Grande do Sul, invertendo de shows internacionais para shows nacionais, promovendo que a abertura seja de músico local daquela Cidade.

Senhoras e senhores, eu venho aqui mostrar o meu contentamento, mostrar a minha alegria com o cumprimento da Lei. E vou, no dia 14 de outubro, acompanhar de perto e saber o que pensa a nossa juventude a respeito dessa Lei. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

Solicito que V. Ex.ª, o Vice-Presidente Ver. Carlos Alberto Garcia, assuma a presidência dos trabalhos para tranqüilizar os Vereadores do Plenário.

 

(O Ver. Carlos Alberto Garcia assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Carlos Alberto Garcia, presidente dos trabalhos neste instante, sucedendo o Ver. João Dib, que esteve na presidência até agora; Srs. Vereadores; Sr.ªs Vereadoras; Senhoras e Senhores, eu ouvi, Ver. Pedro Américo Leal, uma afirmação de um Vereador da bancada petista dizendo que uma pequena comerciante da Cidade já estava em processo de falência devido à abertura do comércio aos domingos. Eu realmente não posso acreditar que somente a abertura do comércio aos domingos possa levar qualquer comerciante à falência. Muito embora este Vereador até hoje sempre tenha se posicionado contra os Projetos votados, aqui nesta Casa, permitindo a abertura pura e simples; mas não porque eu seja contrário, Ver. Pedro Américo Leal, à abertura do comércio aos domingos, o que nos contraria é essa teimosia de alguns empresários - porque não são todos eles - que querem abrir sem pagar um extra para os balconistas e para aquelas pessoas que ficam à disposição do comércio no dia de domingo. Eu acredito que se houvesse essa disposição por parte dos empresários, e eu posso afirmar que alguns empresários aceitam pagar o extra para os empregados do comércio, eu acho que boa parte da resistência cairia. Até acredito, Ver. João Dib, que o que tem levado o pequeno comércio à insolvência, o que tem levado os pequenos comerciantes à insolvência é o fato de a Prefeitura Municipal, nos últimos tempos, ter liberado as regiões mais nobres da nossa Cidade para colocação de alguns megaprojetos na área comercial. Se nós colocamos em pontos principais da nossa Cidade grandes shopping centers, grandes supermercados, nós estamos prejudicando, aí sim, o pequeno comércio daquela região. Quando nós permitimos, quando eu digo nós é Prefeitura Municipal, quando a Prefeitura Municipal permitiu que, por exemplo, o Carrefour se instalasse naquela região da Zona Norte da Cidade, depois de uma longa discussão, inclusive com algumas pessoas se vangloriando de que o Carrefour só pôde se instalar ali depois de pagar 400 mil reais - pelo menos que nós soubemos - para a Prefeitura.

Ora, vejam bem, a possibilidade ou não de um grande empresário se estabelecer na cidade onde ele quiser é o quanto ele vai pagar para a Prefeitura. Essa é a possibilidade. Se ele tiver muito dinheiro para pagar para a Prefeitura, ele pode se instalar mesmo que ele vá prejudicar os pequenos comerciantes. Então, essa falta de política para a nossa Cidade, essa falta de política urbana que essa Prefeitura demonstra nos últimos tempos é que tem, na verdade, matado ou aniquilado muitos dos nossos pequenos comerciantes; muitos deles que queriam sobreviver, muitos deles que desejavam sobreviver acabaram tendo as suas vidas encurtadas exatamente por causa dessa política - má política da Prefeitura Municipal.

Agora estou vendo que outros grandes empresários, empresas multinacionais já estão anunciando também que vêm para cá. E eu tenho certeza de que, dependendo do que vão dar para a Prefeitura, também vão poder se instalar. E aí vem aquele discurso, que é um discurso furado, que o que prejudica o pequeno comerciante é a abertura do comércio aos domingos. Não. O que está prejudicando o pequeno comerciante é essa concorrência extremamente desleal entre esses grandes complexos comerciais, como é o caso dos grandes shoppings, dos grandes supermercados instalados bem ao lado dos pequenos estabelecimentos comerciais, isso é que fazem realmente a grande diferença.

Ver. Adeli Sell, V. Ex.[ que é um homem estudioso do que acontece em nossa Cidade, e mesmo contra as idéias do seu Partido, eu vejo V. Ex.ª vir muitas vezes aqui e defender as suas idéias. Eu gostaria de ouvir de V. Ex.ª o que V. Ex.ª pensa sobre esses grandes complexos comerciais que, de uns tempos para cá, vêm-se assentando em pontos de nossa Cidade, que oferecem competição desleal com o pequeno comércio. Eu acho que essas opiniões é que nós devemos realmente expor aqui desta tribuna para que a população possa saber o que pensam os seus representantes. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra, por cedência de tempo do Ver. Fernando Záchia, em Comunicações.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Ver. Carlos Garcia; colegas Vereadores e colegas Vereadoras, volto a esta tribuna, Ver. Isaac, para, de novo, lamentavelmente, continuar tratando da questão do lixo de Porto Alegre. Eu peguei o jornal Folha de São Paulo, de sábado, que diz: “Justiça suspende licitação de coleta de lixo.” A manchete está errada, deveria ser “Justiça suspende o transporte e destinação final do lixo”. Aí, eu preciso, Ver. Isaac, resgatar algumas questões que esta Casa sabe bem, mas quero sublinhá-las, Ver. João Dib. Em 1999, o DDF - Departamento de Destino Final do lixo de Porto Alegre - fez um ofício dirigido ao Dr. Campani, dizendo que ele tinha que providenciar, o DMLU, um novo aterro sanitário, porque o Aterro da Extrema não dava mais para receber o lixo e que o de Santa Tecla tinha a duração máxima até o final deste ano, dezembro de 2002. Nós sabemos o que aconteceu com o Aterro da Extrema, criminosamente fizeram aquele aterro, assinaram no Ministério Público que iriam colocar 250 toneladas, mas chegaram a colocar 930 toneladas por dia. Foram para o Santa Tecla, que é um consórcio da Grande Porto Alegre gestado pelo DMLU. Agora, no final, não tem lugar para colocar, porque lá não é aterro sanitário, lá já virou um lixão. Aí o Seu Campani sai, vem concorrer a Vereador, não providencia absolutamente nenhum outro aterro sanitário, vai lá na FEPAM e vê quem é que tem licença de operação. Ver. João Dib, só há uma no Rio Grande do Sul que tem licença de operação para receber lixo. Aí, ele abre uma licitação que não deveria. Se só tem uma, como é que vou abrir licitação? Ele abriu a licitação de uma empresa lá de Minas do Leão. Eu vou lá na prestação de contas do Dr. Campani e está lá: “Doação de campanha para o Dr. Campani.” Doação de campanha da empresa que ele fez concorrência e que só existe uma com licenciamento de operação. Isso para mim tem um nome: maracutaia, prevaricação ou qualquer outra coisa.

Nós queremos aqui da tribuna cobrar, porque esse é o nosso papel: de fiscalizador. Nós temos várias representações no Tribunal de Contas que, com as Prefeituras pequenas, andam rápido, mas que, com as grandes, demoram. Vamos para o Ministério Público, a coisa se arrasta no Ministério Público, mas a Prefeitura não diz absolutamente.

Uma hora é a Cores, que cobrava 39 reais, a PRP agora cobra 28 reais, 30% a mais pagava para a Cores. Agora vem essa desse aterro. Não pode, Ver. Ervino, não dá.

O Departamento Municipal de Limpeza Urbana cumpre um papel importante na vida da Cidade, e quanto a isso nenhum de nós, Vereadores, têm dúvida. Agora, que falta transparência no Departamento Municipal de Limpeza Urbana, falta! Não é séria aquela gente? Não é séria! E eu desafio desta tribuna, em qualquer lugar, que ele venha debater, que ele marque o local, que ele marque a hora e venha provar, porque todas as empresas, quase todas as empresas que prestam serviço naquele órgão têm uma relação com esse Diretor. E o Governo mantém esse cidadão lá.

Então, portanto, queria deixar registrado aqui, desta tribuna, que é muito grave, porque tinha obrigação de fazer e não fez, sabia há três anos que ia terminar o Aterro de Santa Tecla e terminou. E abre uma licitação que só tem uma empresa que tem licença de operação e somente ela pode receber o destino final do lixo. E aí eu vou lá e faço a ligação e vejo que essa empresa foi uma das patrocinadoras da campanha de quem saiu para concorrer e de quem voltou para o DMLU. Então, por favor, nós queremos, mais uma vez, dizer: estamos tratando desse assunto há muito tempo, Sr. Presidente, desde março do ano passado. E vamos continuar nesta luta, é o nosso papel, não temos questiúncula pessoal, achamos que a nossa oposição não é contra ninguém, é a favor da Cidade. Agora, a verdade é que falta transparência e tem muito lixo debaixo do tapete do lixo do DMLU, e precisa ser esclarecido. Essa questão não pode continuar dessa forma, essa questão não pode continuar dessa forma! Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra em Comunicações. Ausente. O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu participei, na última sexta-feira à tarde, de uma Audiência Pública destinada a avaliar a questão da abertura do comércio aos domingos. Lamento, pois aquela reunião não proporcionou um debate; porque uma Audiência Pública deve, normalmente, proporcionar um estudo, um exame, um debate de idéias antagônicas para que, desse contexto de embate de idéias, surja alguma conclusão final ou um relatório de trabalho com relação a qualquer tema que envolva uma Audiência Pública. Infelizmente, denominei aquele evento retórico da audiência pública chamada para avaliar a abertura do comércio aos domingos de “manifestação pública contra a abertura do comércio aos domingos”. Foi nisso que se constitui a audiência pública. Não foi uma audiência para discutir se a abertura do comércio aos domingos é boa para a população, para os comerciários, para o conjunto da Cidade. Nenhuma idéia envolvendo o debate sobre a abertura do comércio foi trazida a essa Audiência Pública. Por essa razão, chamei essa audiência de “samba de uma nota só”, porque estava totalmente direcionada. Direcionada para aqueles que queriam fazer proselitismo político às vésperas da eleição, direcionada para o público que é contrário à abertura do comércio aos domingos.

Alerta-me o Ver. Paulo Brum que depois da Audiência Pública estavam largando, nos estabelecimentos comerciais, um panfleto oriundo daquela Audiência Pública. Mas foi uma Audiência Pública que não condiz com a tradição desta Casa, Ver. Estilac Xavier, porque só um lado se posicionou. E os argumentos não existiram. Apenas aquela retórica do discurso de que “atrás do balcão, tem um coração”, e que é uma violência, que é a luta do bem e do mal. Até isso foi dito aqui por Vereador que se assume como marxista. A luta do bem e do mal, como se as coisas se colocassem dessa forma, sobretudo para quem tem a metodologia de análise dentro das categorias marxistas. Não é o meu caso, mas a luta do bem e do mal e de que “atrás de um balcão, bate um coração. Eu pergunto: e os comerciários de lancherias, de hotéis, de motéis, de bares e restaurantes?

Porto Alegre está-se caracterizando como um centro de vocação turística extraordinário. Agora mesmo nós temos um verdadeiro bairro de grandes restaurantes de qualidade nas ruas Padre Chagas, Hilário Ribeiro, Dinarte Ribeiro. Certamente, daqui a pouco, estarão querendo fechar, porque aquelas pessoas trabalham sábado à noite, domingo ao meio-dia. Ah, já autorizam independentemente? V. Ex.ª, Ver. Estilac, tranca o processo histórico, o avanço. Aqui está, e eu aqui lia o jornal O Sul, que diz: “Comprar no domingo virou rotina na Capital.” Eu quero dizer a V. Ex.ª, Ver. Paulo Brum, que se não aprovarem um dos Projetos de V. Ex.ª, da abertura, porque eu acho que é limitado, V. Ex.ª quer abrir o comércio aos domingos nas áreas de interesse turístico, quando isso já está consagrado juridicamente. Nós estamos numa discussão jurídica, está aberto e já virou tradição. Graças a Deus que temos um Poder Judiciário com a sensibilidade de responder às aspirações históricas da maioria da cidade de Porto Alegre, que quer ver o comércio aberto aos domingos. E confirmado pelo Colégio do Tribunal, não é de um Desembargador apenas.

Graças a Deus que temos um Tribunal, que assegura a abertura do comércio aos domingos e que já proporciona ser o domingo um dia de rotina de vendas na Capital. Está-se constituindo num dia de grande venda.

Há um Projeto de Lei arquivado nesta Casa, de um plebiscito, do Ver. José Fortunati, meu colega de Bancada, e seu ex-companheiro, Ver. Estilac Xavier, do Partido dos Trabalhadores. Ele apresentou esse Projeto na época que ainda era membro do Partido dos Trabalhadores. Eu quero dizer a V. Ex.ª: vamos para o plebiscito, vamos ouvir o conjunto dos cidadãos e cidadãs da cidade de Porto Alegre, para saber se querem o comércio aos domingos ou não. E V. Ex.ª sabe que plebiscito não pode ser restrito, como queria V. Ex.ª. Sabem o que o Ver. Estilac e o Ver. Adeli queriam? Eles queriam um plebiscito só ouvindo os comerciários; e ele sabe que esse tipo de plebiscito não é legal e constitucional, porque ele mesmo diz que entrou em juízo e ganhou. Plebiscito tem de ser do conjunto dos cidadãos porto-alegrenses. E o Ver. Estilac Xavier, que é um homem aberto, infelizmente assume a posição do PC do B, que está na contramão da história. Até já sei que houve um Prefeito do Partido de V. Ex.ª que queria abrir o comércio aos domingos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na sexta-feira, na famosa Audiência Pública, eu lembrei, com muito carinho, do Ver. Airto Ferronato. É claro, ele não estava aqui, ele devia estar preparando o salva-vidas, porque ia chover muito e, como o dinheiro da Prefeitura não é aplicado para cuidar dos alagamentos, ele tinha que se preparar. Mas, se ele estivesse aqui, diria: “Ora, vejam só, dezessete Vereadores no Plenário, por causa dos comerciários.” Acho que temos que chamar os comerciários mais vezes. Mas não vou criticar nem vou comentar. Só fiz uma proposição para que se analisasse o fenômeno quando ele está acontecendo. Agora, quanto à liberdade de comércio aos domingos, eu acho que seria uma coisa boa a ser feita.

Mas eu ouvia o Ver. Sebastião Melo trazendo notícias da imprensa do centro do País sobre o Departamento de Limpeza Urbana. Na realidade é um Departamento estranho, muito estranho. Sempre me lembro daquele incinerador de lixo, comprado, 85% foi pago, já passaram vários Prefeitos, vários diretores, voltou o Diretor e o equipamento não está instalado, mas está pago. Aí me lembro do motor de explosão. Três dias antes de o Diretor deixar o Departamento, porque o Prefeito Olívio Dutra estava saindo, ele faz um contrato com uma empresa, mas era tanta a pressa que ele pagou para outra. Mas o pior é que o motor explodiu. Não vi o motor até hoje! Não sei onde está! Eu fico pensando: se nós fazemos leis, leis e mais leis, por que elas não são usadas? Nós temos um Código de Limpeza Urbana, o seu grande mentor foi um ex-Diretor da Limpeza Urbana, hoje Deputado Estadual, que fez um belo trabalho junto com os demais colegas, e lá diz que a disposição final do lixo é obrigação exclusiva da Prefeitura; não pode delegar.

Eu pergunto: com referência à “Capital mundial da carroça”, que um dia teve menos de quinhentas carroças e hoje tem mais de sete mil que transportam o lixo de forma irregular, o Dr. Campani sabe onde esse lixo está sendo depositado? Eu já nem vou falar da carroça descendo a Av. Independência pelo corredor de ônibus ou andando na contramão da Rua Vasco da Gama, ou estacionando na Rua Annes Dias em local de parada proibida – não é local de estacionamento, é de parada proibida; não vou falar disso -, mas eu quero saber aonde vai o lixo? O ex-Prefeito Raul Pont fez uma viagem e disse que o problema de coleta seletiva de lixo estava solucionado pela carroça. A que ponto nós chegamos! Um Prefeito viaja e não diz que o problema de coleta e disposição final do lixo tenha sido resolvido por um Código de Limpeza Urbana feito na Câmara Municipal por Vereadores que se interessavam pela Cidade, mas, sim, pelas carroças, que as Administrações que antecedem a esta estimularam para aumentarem cada vez mais na Cidade. Qualquer pessoa que viaja para fora de Porto Alegre, não precisa ser para a Europa ou Estados Unidos, a viagem pode ser aqui no Brasil, pelos Municípios do interior, pode ver que as cidades crescem e as carroças diminuem. Agora, Porto Alegre cresce, se urbaniza, faz avenidas, gasta dinheiro, e, de repente, nós encontramos carroças na contramão. E o que nós fazemos? Vamos dizer no exterior que a carroça resolveu o problema do lixo. Eu não sei se está certo, se alguém não deveria ir para o lixo, talvez... Eu acho que a coisa está equivocada, precisa ser muito melhor examinada.

Enquanto isso, eu digo apenas: saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Ervino Besson está com a palavra, por cessão de tempo do Ver. João Carlos Nedel, em Comunicações.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias, pessoas que nos assistem pela TV Câmara, quero saudar todos.

Primeiramente, queria agradecer com muito carinho ao meu colega Ver. João Carlos Nedel por ter-me cedido o tempo no período de Comunicações.

O dia de ontem foi o último fim de semana que antecede o 1.º turno das eleições, porque no próximo teremos aqui, e em todo o Brasil, uma das eleições mais importantes, principalmente para a minha geração, pois elegeremos o nosso futuro Presidente da República, Senadores, Governadores, Deputados Federais e Estaduais. Todas as pessoas, de uma forma ou de outra, estão envolvidas nesse final do período eleitoral.

Ontem, às dez horas, a cidade de Porto Alegre, o Estado do Rio Grande do Sul, meu caro Ver. Pedro Américo Leal, recebeu a imagem de Nossa Senhora de Fátima. Estivemos lá, mas não acompanhamos aquela carreata até o final, por causa de compromissos anteriormente assumidos.

Mas o que se viu, ontem, naquela carreata, foi a presença de grande quantidade de jovens, o que chamou a atenção não só deste Vereador, mas de muitas pessoas que se fizeram lá presentes naquele evento.

Por isso, queira Deus que a visita aqui da Nossa Senhora de Fátima, neste momento em que ela aqui veio ao nosso Estado, um momento extremamente importante... Por que eu digo isso? Como eu já disse, nós vamos ter uma das eleições mais importantes da história deste País. Quem sabe lá Nossa Senhora de Fátima ilumine a cabeça das pessoas, para que elas possam ir às urnas escolher, com tranqüilidade, os nossos legítimos representantes, e que eles possam, sim, exercer as suas funções de uma forma digna, de uma forma leal, para que o nosso povo sofredor, pelo menos, tenha uma esperança de futuros dias melhores.

Meu caro Ver. João Carlos Nedel, que chegou neste momento ao Plenário, já agradeci a V. Ex.ª por ter-me concedido este tempo, no qual estou-me pronunciando a respeito da visita, ontem, da Nossa Senhora de Fátima.

(Lê.) “No dia 13 de maio de 1917, três crianças, Lúcia, Jacinta e Francisca, viram e falaram com Nossa senhora de Fátima na cidade de Fátima, em Portugal.” Nós sabemos que criança não mente; criança, quando fala, fala a verdade. Portanto, temos, sim, de acreditar, de uma forma muito tranqüila, que a Nossa Senhora de Fátima é uma santa milagrosa.

Foi um dia marcante na história do nosso Estado e para a Igreja Católica. Às pessoas que tiveram a idéia de trazer esta imagem, fica aqui o nosso reconhecimento muito profundo e muito fraterno. A imagem permanecerá na Capital até o dia 13 de outubro, no Santuário Nossa Senhora de Fátima, na Zona Norte; após, segue a Canoas, Gravataí e Guaíba, até o dia 25. Portanto, registro aqui, com muito orgulho e com muita alegria, a presença da imagem dessa santa milagrosa.

Para encerrar, Sr. Presidente, quero fazer uma saudação, com muito carinho, talvez o faça com a permissão de meu Líder de Bancada, em nome da Bancada do PDT, hoje é o Dia da Secretária - também me está fazendo o sinal positivo o Líder do Diretório Metropolitano, o Ver. Nereu D’Avila -, às nossas assessoras - porque a Secretária não deixa de ser uma assessora -, fica aqui o nosso carinhoso abraço. Às nossas queridas secretárias e assessoras, por este dia, o reconhecimento pelo trabalho que vocês realizam com dignidade e com dedicação. Um fraterno e carinhoso abraço a cada uma de vocês. E que a Nossa Senhora de Fátima também esteja ao lado de vocês, abençoando o dia-a-dia de cada uma. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Ver. Ervino Besson, V. Ex.ª não fala só em nome da sua Bancada, mas, com certeza, fala em nome da nossa Câmara Municipal, nesta homenagem muito bem lembrada por V. Ex.ª às nossas queridas secretárias. Sem elas, como seríamos, não é?

O Ver. Mauro Zacher está com a palavra, por cessão de tempo do Ver. João Bosco Vaz, em Comunicações.

 

O SR. MAURO ZACHER: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu tenho trazido a esta Casa sempre assuntos relacionados principalmente à juventude, tentando trazer ao debate a discussão e a importância que devemos dar à juventude, a qual é o futuro do nosso País, da nossa Cidade. E é por isso que eu tenho-me feito, aqui nesta Casa, representante e também integrante de movimentos de juventude.

Eu quero demonstrar à Câmara uma pesquisa que saiu na revista Veja, há um tempo, que traz uma certa preocupação sobre a juventude do nosso País. Primeiro: 52% do eleitorado brasileiro, hoje, é formado por jovens de dezesseis a trinta e cinco anos; é considerado um eleitorado jovem. Este é um fato importante, devemos levar muito em conta a importância, hoje, que a juventude tem neste País, para o futuro deste País. Um segundo dado, muito importante também, é que 68% dos presos têm até trinta anos. Vejam bem a necessidade dos investimentos que tem de ser feitos para a juventude. Sessenta e nove por cento das meninas grávidas de doze a dezenove anos não querem ter o seu bebê; 24% dos jovens não acreditam na melhoria de vida. E 70% dos seqüestradores têm até trinta anos. E, na pesquisa, entre os doze itens que foram selecionados, a política para os jovens fica até abaixo do interesse por videogames.

Então, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, eu quero trazer a vocês o quanto é importante trazermos projetos, investimentos na área da juventude.

Nós, que viemos do movimento estudantil, sabemos que a luta pela educação em nossa Cidade é muito importante. E eu trazia a esta tribuna relações, projetos e questionamentos sobre o crédito educativo, sobre investimentos na educação que devem ser feitos. São dados importantes que devem ser levados em conta por nós, porque esse é o futuro do nosso País. Um futuro onde 24% dos jovens não acreditam em nenhum tipo de melhoria de vida, e que com certeza irão se entregar à marginalidade, às drogas, enfim, por tudo isso que a juventude tem passado e que nós devemos aqui trazer a importância de investimentos para a juventude em nossa Cidade.

Nós também estamos passando por um processo em todo o Brasil, onde todas as entidades filantrópicas têm sido questionadas nas suas isenções. E nas universidades, principalmente nas universidades particulares, que são filantrópicas, essas isenções têm sido trocadas por bolsas de estudos. Quero trazer, futuramente a esta Casa esse debate, porque sabemos que hoje muitos estudantes que estão em universidade particulares dependem dessa isenção que as universidades têm de impostos, que são revertidos em bolsas. Por exemplo, a PUC tem dado sete mil e duzentas bolsas anuais, as quais têm garantido a permanência de alunos carentes e a não-evasão nas universidades. Trago a esta Casa também a importância de trazermos esse assunto para que consigamos garantir a permanência dos alunos carentes nas universidades particulares. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra, por cedência de tempo do Ver. Juarez Pinheiro, em Comunicações.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Ver. Paulo Brum, volto à tribuna agradecendo ao Ver. Juarez Pinheiro e ao meu Líder Marcelo Danéris. Eu acho que é oportuno, porque eu desenvolvi um raciocínio aqui, na comunicação anterior, a respeito da nossa Audiência Pública sobre a questão do comércio.

Naquela oportunidade, eu vi, inclusive, Ver. João Dib, posso estar enganado, que V. Ex.ª prestou muita atenção naquele debate e vários argumentos que foram aqui expandidos, expedidos, me pareceu que o sensibilizaram – posso estar errado -, pois, naquele momento, aqui nesta Casa, não se tratou mais daquele reducionismo que muitas vezes nós incorporamos, inclusive eu cometi essa falha, que era de tratar toda a questão como se fosse um mero debate sobre o horário ou o direitos dos trabalhadores na área do comércio, como legítimo também o é. Mas acabei verificando que existe uma forte rede de pequenos estabelecimentos, de todas as ordens, mas, particularmente, aqueles que dizem respeito a mercados, minimercados, fruteiras, açougues, armazéns, comércio de porta de rua, inclusive aqueles que não dizem respeito ao abastecimento alimentar. Eu andei por funilarias, por lojas de discos e todos têm uma idéia - se é correta ou não, o tempo vai dizer – de que eles estão prejudicados por essa medida.

Ora, se isso é verdade, Ver. Pedro Américo Leal, nós, como representantes desta Casa, temos de, de certa forma, absorver essa aspiração que diz respeito à vida de milhares de porto-alegrenses. E aqui não se trata de atacar nenhuma empresa de grande capital nacional. Eu tenho feito com clareza essa distinção, porque, nesse caso, eu acho que, por exemplo, quando os shopping centers funcionam, as lojas que dão âncora aos shopping centers são empresas inclusive de capital internacional. É só olhar nos shopping centers e verificar lá quais são as que dão os grandes pesos, estão nas fachadas das lojas as logomarcas. O que é diferente, por exemplo, da apropriação que faz uma outra empresa de capital internacional francês, que é o Carrefour, que, aliás, nem é um mercado; aquilo é um pólo de vendas de todas as ordens. Se você chegar lá com o dinheiro, sai com tudo o que quiser: casa, carro, tudo. E a liberdade, que eu sei que eles não usufruem na sua matriz, na França, que preserva o quê? O pequeno e médio comércio de bairro, de vila. Essa é a natureza do debate que o Ver. Isaac Ainhorn não quis enfrentar. Com o respeito que tenho por ele, ele resolveu dizer que o debate da Audiência Pública foi uma passarela do PT e do Sindicato dos Comerciários. Não é verdade.

A Audiência Pública é disciplinada pela Lei Orgânica do Município, convocada nas formas da Lei pelo Presidente da Casa, que estabeleceu data, horário e local de um debate de interesse de qualquer porto-alegrense. Qualquer cidadão poderia se inscrever e falar a respeito. Mas, para surpresa de todos nós, não vieram aqueles que são os maiores defensores para sustentar os cinco mil empregos, para sustentar que isso liberaria o comércio da Cidade, para sustentar que o turismo seria enaltecido. Não veio o CDL; não veio o SINDILOJAS. Mas isso ocorreu por que alguém pediu, Ver. Besson? Não. Era uma Sessão aberta! Aliás, os Vereadores vieram aqui para ouvir alguns argumentos calejados, mas é uma oportunidade sempre de se acrescentar coisas. Eu, por exemplo, quero confessar aos Senhores que, progressivamente, fui aumentando a minha opinião, que era reduzida, do pólo do direito do trabalho, que era legítimo, mantenho a mesma posição, mas fui expandindo para várias áreas, das padarias. E, para surpresa minha, no sábado pela manhã, estando em visita - e o Ver. Marcelo Danéris estava lá também -, aqui na feira do Jardim Olímpico, na confluência da Rótula do Papa, Ver. João Dib, os feirantes proclamaram que estavam contra a medida, porque a medida os prejudicava. E aprendi uma outra coisa: que a feira livre é não só uma área de comércio do produtor que sustenta a sua família e que vai para lá vender o produto, ou que vende para um outro, que vai lá e vende o produto; aquilo ali é um espaço de convívio, porque, lá, o feirante conhece o cliente. Ali, inclusive, o valor é negociado, às vezes. Eu levo dois molhos de alface, mas quero que reduza de 55 para 50 centavos o molho, ou seja, esse espaço vai-se perdendo na medida em que a sociedade vai-se “tecnificando”, e nós vamos criando uma idéia de desenvolvimento que não é desenvolvimento, é desumanização das relações. Pois eu acrescento mais um na lista dos que são, eventualmente, prejudicados pela abertura do comércio aos domingos; o que é uma tese que vários estão falando, eu acho que nós deveríamos nos sensibilizar nesta Casa.

Concluo, Sr. Presidente, agradeço a tolerância, mas convoco o Ver. Isaac Ainhorn a colocar argumentos, como eu estou colocando aqui: com tranqüilidade, com serenidade e sustentando. Isso é argumento e não é passarela para debate e nem para fazer proselitismo - posição que temos desde antes de qualquer processo eleitoral. Agradeço a atenção dos Srs. Vereadores. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Srs. Vereadores, visivelmente não há quórum.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 17h01min.)

 

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